Para o dia de hoje, inspirei-me nas matérias publicadas na quarta-feira passada (Santa, 28 de janeiro), que mencionam os serviços mais solicitados pelos munícipes à prefeitura de Blumenau. A manutenção de drenagens lidera a lista, tendo sido executados cerca de 2,3 mil serviços deste tipo, seguida de macadamização e patrolamento (2,2 mil) e manutenção de calçamento (1,3 mil serviços executados).
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Pelos números, dá para imaginar o custo dessas manutenções para os cofres públicos abastecidos com o nosso dinheirinho, tão suado quanto sugado pelos impostos. Existem, porém, as entrelinhas das notícias não explicitadas, principalmente quanto aos aspectos ambientais.
Uma foto que ilustra a reportagem mostra erros que, de tão comuns, passam a ser tidos como coisa normal, corriqueira. Percebe-se claramente um aterro indevido que estrangula o ribeirão (não importa neste momento quem o fez), além de lixo e entulhos e algo muito grave, muros e outras construções e aterro sobre a drenagem natural. Fora a questão dos entulhos e lixo, lembrados na reportagem, o resto ficou nas entrelinhas. Ainda, a julgar pela foto, aquilo não parece escoamento de esgoto e sim, um pequeno córrego, que não deveria estar tubulado, nem estrangulado.
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A cidade cresceu e agora tem mais áreas impermeabilizadas, drenando mais água para as tubulações, bem lembrou o secretário municipal. Ora bolas, será que ninguém sabia, há 20, 30, 40 anos, que Blumenau crescia aceleradamente? Por que não previram, já na época, tubulações adequadas para a futura realidade? Outra reclamação é a da areia e terras que entopem as canalizações. A pergunta que ninguém faz é: por que, ao invés de focar só nas desobstruções, não se concentram esforços também no controle da erosão mais acima, na origem do problema, de onde vem todo o material que entope mais abaixo? O Garcia é o bairro mais problemático, diz a reportagem. Correto, mas, por que se deixou e ainda se deixa acontecer tanta ocupação inadequada nas margens de córregos e nas instáveis encostas do Garcia?
O resultado é uma novela de problemas sem fim, a exemplo da rua Araranguá, onde um entrevistado afirma que os problemas persistem há 60 anos! Eu diria mais, vai ser difícil e muito caro resolvê-los. Afrouxaram a fiscalização, deixaram ocupar, os erros se avolumaram por décadas, focaram apenas nos “direitos” (e no voto fácil, nas eleições) e não nos deveres e agora, quem paga a conta somos nós, contribuintes. A continuar assim, nos próximos 60 anos muitos ainda estarão reclamando. Haja orçamento municipal!