A organização discreta pela internet não impediu que uma festa clandestina conhecida por “rave” ou “PVT” fosse flagrada e interrompida pela Polícia Militar na madrugada desta quarta-feira. Na véspera do feriado, cerca de 500 jovens, alguns menores de idade, se reuniram no evento chamado “Alegra”, às margens da BR-280, no limite entre Araquari e Guaramirim.

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GALERIA: Veja fotos da apreensão

A festa não tinha alvará nem qualquer equipamento de segurança e foi realizada no Pesque-pague Recanto dos Peixes, onde há um galpão improvisado e uma lagoa ao lado.

Os jovens foram pegos de surpresa e ao menos 20 foram flagrados portando drogas sintéticas, maconha ou cocaína. No total, foram apreendidos 147 comprimidos de ecstasy, 24 pontos de LSD, 17 buchas de maconha e nove cigarros da mesma droga, além de oito buchas de cocaína. Até dinheiro falso havia circulando na festa. Seis cédulas de R$ 100 foram apreendidas, totalizando R$ 600 falsificados.

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Os R$ 265 arrecadados com a venda de ingressos também foram apreendidos. De acordo com o tenente Eduardo Pires, oficial da PM que comandou a operação, parte da droga foi encontrada no chão. A polícia também acredita que boa parte tenha sido despejada no lago. Ninguém escapou de passar pela revista minuciosa.

A “Alegra” ocorreu de forma semelhante à rave “Hipnose Music” flagrada pela reportagem do “AN”, há duas semanas. Ambiente retirado, em meio à mata, problemas com permissão para funcionamento, consumo de drogas e a divulgação pela internet são características em comum.

Porém, desta vez, o evento não chegou ao fim. Uma denúncia levou policiais de Joinville a se organizarem para coibir a festa clandestina. A ação da PM seguiu madrugada adentro com abordagens e apreensões. Seis policiais à paisana chegaram ao local no início da festa, perto da meia-noite.

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Ao constatar o consumo de drogas, a equipe acionou as viaturas do Pelotão de Patrulhamento Tático, que já estavam de prontidão. A partir de então, o silêncio tomou conta do ambiente. Os homens foram separados das mulheres e em ordem foram sendo revistados, um por vez. Todos passaram pelo mesmo ritual.

Com as mãos na cabeça eram revistados, tiravam os sapatos para mostrar se havia alguma substância escondida e apresentavam os pertences. Uma policial feminina ficou responsável por fazer a revista nas mulheres. Aos poucos, aqueles que não tinham drogas eram liberados.

Em uma fila indiana, os 20 jovens flagrados com entorpecentes seguiram até uma sala do galpão onde sentaram em bancos e aguardaram a chamada feita pelos policiais para responder ao Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Toda droga flagrada foi embalada com um pertence do responsável, para facilitar a identificação.

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Polícia vai continuar com as operações

O tenente que comandou a operação, Eduardo Pires, informou que novas investidas em festas clandestinas podem ocorrer e, para isso, a polícia conta com a colaboração da comunidade. As denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo 190.

– A polícia sempre está atenta a esse tipo de festa onde tem adolescentes ou jovens consumindo drogas, álcool e perturbando a vizinhança. Não podemos deixar que Joinville se torne um local de tradição desse tipo de evento -, comentou.

Ele classificou o resultado do flagrante e apreensão de drogas na festa de ontem como uma resposta merecida à região de Joinville. Na rave, não foi possível detectar quem eram os responsáveis pela venda de drogas no local. Os pacotes com maior número de comprimidos foram encontrados no chão. Por isso, as investigações devem continuar a fim de responsabilizar os suspeitos. No evento, havia jovens de Joinville, Araquari, Guaramirim, Schroeder, Jaraguá do Sul e de outros municípios vizinhos.

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20 jovens vão responder a TCO

Os 20 jovens flagrados com drogas não foram conduzidos à delegacia, mas terão de responder a Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por posse de entorpecente. Como, perante a lei, a infração é considerada de menor potencial ofensivo, os jovens provavelmente receberão uma punição por meio de multa e prestação de serviços sociais. Todos terão de comparecer em audiência e esclarecer o caso perante o juiz que, por sua vez, irá determinar o grau da punição.

O rapaz que assumiu a responsabilidade pela organização da festa assinou o TCO por exercício ilegal da profissão e atividade, perturbação do sossego alheio e poluição sonora. O valor da multa, neste caso, será maior.

O caseiro, 35 anos, responsável por cuidar do pesque-pague, também respondeu pelas mesmas infrações. Porém, o TCO não impediu que ele fosse preso, já que a polícia encontrou uma espingarda de calibre 32 no local. Durante a abordagem, ele apresentou à polícia um contrato feito em uma folha de caderno onde especificava que os organizadores tinham total responsabilidade “pelo o que ocorresse durante o evento”.

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Ele afirmou, ainda, que recebeu R$ 1.500 pelo aluguel do espaço. O homem foi conduzido para a delegacia de Jaraguá do Sul. Lá, o caseiro teve a oportunidade de pagar fiança, mas como não conseguiu o dinheiro, foi conduzido ao presídio.

Festa Proibida

A rave é um tipo de festa de música eletrônica de longa duração. O evento é proibido em SC desde 2003, quando o consumo de ecstasy – droga conhecida por “bala” – começou a se proliferar. Normalmente, os eventos ocorrem sem alvará ou com identificação de alvará não compatível com a atividade.