A internet é o elo de comunicação entre os jovens que frequentam as festas eletrônicas e é por ela que os eventos são disseminados. A rave que ocorreu no sábado, em uma chácara em Araquari, foi divulgada pelo Facebook. O primeiro flyer publicado com o nome da festa – Hipnose Music – revelava apenas as atrações, quem eram os DJs contratados para tocar a festa, a data e o valor dos ingressos.
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O primeiro lote de ingressos custava R$ 15 para mulheres e R$ 20 para os homens. No segundo lote, os ingressos custavam R$ 5 a mais e, na hora, R$ 10 a mais. O estacionamento também era cobrado e custava R$ 10. Mais de mil pessoas compareceram ao evento. O local da festa foi divulgado apenas com dois dias de antecedência.
Segundo a Polícia Civil, um alvará para uma festa de aniversário no mesmo local e data foi liberado. O policial que estava de plantão ontem na Delegacia de Araquari não sabia que se tratava de uma rave. Os bombeiros voluntários informaram que não foram acionados para vistoriar o local da festa.
A reportagem não conseguiu identificar quem eram os organizadores da rave em Araquari. Na divulgação, que foi feita pelo Facebook, não há contatos de responsáveis. Na delegacia, o policial também não informou quem eram os organizadores da festa de aniverário liberada para ocorrer no mesmo local e data. Abaixo, a reportagem relata como funciona a venda e o consumo das drogas dentro das baladas.
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Compra nem um pouco sigilosa
por Maiara Bersch
Logo na entrada, plaquinhas com a frase “proibido fumar” eram ignoradas por alguns frequentadores. Em alguns locais, a fumaça produzida pelo gelo seco é substituída por outra com o cheiro muito mais forte: a da maconha. A venda do ecstasy também vai passando pelas rodinhas de amigos.
Alguém entrega na mão do outro ou leva direto à boca. A compra não é nem um pouco sigilosa, nada de senhas ou desconfianças. Basta você estar no local que alguém poderá lhe oferecer. Isto foi o que mais me chamou a atenção: a facilidade ao acesso às drogas dentro do ambiente.
Influência dos amigos, vontade de dançar, curiosidade de experimentar, relatos de “Comigo nunca aconteceu nada”, combinados às batidas das músicas eletrônicas pareciam persuadir facilmente aqueles que buscavam diversão. Nós, que achávamos que as coisas estariam mais controladas uma semana após a morte de uma menina de 17 anos, nos deparamos com frases do tipo “Bala? Hoje eu já tomei três!”.
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Negociação no bar e no banheiro
por Leo Munhoz
Muitos carros na chegada, festa com ar caseiro, rostos jovens escondidos por óculos de sol e alguns por um capuz. Poucos fumavam cigarro. O cheiro de maconha era mais forte. Menos ainda tomavam cerveja, e sim muita água. Aparentemente quase todos se conheciam, se cumprimentavam. Na entrada, havia revista feita por seguranças.
Pessoas passavam e as drogas, também. Não precisou muito tempo para flagrar a negociação de drogas. No banheiro, nas três vezes que fui, jovens vendiam, compravam e usavam ecstasy. Na fila do bar, um rapaz abriu a bateria do celular e pegou um pedacinho de papel.
Destacou um pontinho, possivelmente LSD, e entregou para outros dois, pegando de volta o dinheiro, aparentemente, do pagamento. Tudo isso sem cuidado algum, como se ali tudo pudesse.
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AUDIO: Menina de 17 anos conta que está acostumada a usar ecstasy em baladas