O glamour da decoração da festa e a beleza dos jovens que saíram de casa produzidos com a intenção de causar boa impressão na noite perdem o brilho quando, no meio da madrugada, o efeito das drogas sintéticas começa a se manifestar.

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A batida da música eletrônica vai ficando intensa aos ouvidos dos usuários que se envolvem com o embalo frenético noite adentro. O mundo ao redor já não importa mais. E é nesse ritmo que os traficantes aproveitam para lucrar com o negócio.

A reportagem do “A Notícia” flagrou a venda e o consumo de drogas, como o ecstasy e o LSD, entre jovens em duas baladas neste fim de semana. Na madrugada de sábado, testemunhou que o ecstasy era facilmente traficado em uma festa na Soul Club, no Distrito de Pirabeiraba. O consumo de maconha também foi flagrado no local.

Durante a festa, a reportagem foi abordada por um garoto oferecendo “bala” (ecstasy). Ele não confirmou que era o vendedor, mas garantiu que conseguiria facilmente com quem vendia a droga. Também não se preocupou em ser flagrado pelos seguranças.

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– Não tem perigo, eu passo pra vocês aqui rapidinho -, disse.

O mesmo jovem passou a noite negociando entre as rodas de amigos, contando dinheiro e repassando os comprimidos.

A segunda festa visitada pelo “AN” foi na madrugada de domingo em uma chácara em Araquari. Apesar de disponibilizar a venda de ingressos no local, o evento é pouco divulgado, apenas pelas redes sociais.

Na Private, ou PVT, como os frequentadores costumam denominar a festa Rave – proibida no Estado desde 2003 -, a reportagem constatou um consumo ainda mais desenfreado de quatro tipos de drogas ilícitas – ecstasy, LSD, cocaína e maconha.

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Na festa, não havia qualquer restrição para as drogas, que eram vendidas no varejo por, pelo menos, dez pessoas. Cada comprimido de ecstasy era vendido por R$ 25. O “doce” ou “papel”, como os usuários chamam o LSD, saía pelo mesmo preço. Lá, a revista foi ainda menos rigorosa na entrada.

Em um dos grupos, os garotos cheiravam cocaína com o auxílio de isqueiro. Noutro, os amigos amassavam os comprimidos de ecstasy e misturavam com água para render mais. Um usuário de LSD, que parecia estar num mundo à parte, conseguiu destruir uma garrafinha plástica com os dentes e falava em voz alta que precisava de mais “papel”. Ele chegou a se queimar com o cigarro ao confundir o fumo com o pirulito que segurava em outra mão.

Nos dois lugares foi possível observar a facilidade de entrada da droga e a facilidade com que o tráfico ocorre dentro da balada. Não há fiscalização por parte dos organizadores e tampouco pudor pelos que vendem ou consomem.

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A festa parece ser justificativa para se chegar à droga. Impressiona como muitos consumidores ainda nem completaram a maioridade. São adolescentes entre 15 e 17 anos que desfrutam dessas facilidades sem a menor noção do risco que correm.

– É muito bom, só te dá vontade de dançar -, disse uma jovem usuária de 17 anos.

Contraponto

De acordo com a sócia-proprietária da Soul Club, Francine Olsen, a festa deste fim de semana não foi organizada pela casa. O espaço foi alugado para a realização do evento da última sexta-feira. No contrato de locação, a casa especifica que é proibida a venda e o consumo de drogas. Porém, a fiscalização fica por conta da organização.

O organizador do evento, Renato Trevisoli, informou que os seguranças foram orientados a coibir o tráfico de drogas na festa. Inclusive, dois seguranças estariam trabalhando à paisana para intensificar a fiscalização. Porém, nenhuma situação foi flagrada pelos profissionais.

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– Não é vantagem nenhuma ter esse tipo de coisa na casa. Todo mundo está bem consciente tentando fazer o possível para erradicar o problema, mas é difícil de pegar. Fiscalizar é uma responsabilidade de todos e eu acredito que eles tentaram e fizeram um bom trabalho naquela noite -, avaliou.

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