Joinville teve uma uma redução recorde de mortes violentas entre julho e agosto deste ano. Segundo levantamento feito pelo jornal ‘A Notícia’ e conferido com a Polícia Civil, nenhum homicídio ocorreu na cidade durante 29 dias. O intervalo foi registrado entre o penúltimo assassinato, em 16 de julho, e o último, na madrugada de terça-feira.
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Joinville teve outros momentos de grande espaço de tempo sem mortes violentas, mas nenhum deles tão longo como o de agora. Em maio de 2016, a trégua de crimes desse tipo foi de 12 dias; e em abril de 2015, de 20 dias seguidos sem mortes violentas.
No balanço do primeiro semestre de 2017, o número de homicídios cresceu 45,4% na comparação com o mesmo período do ano passado – passou de 63 mortes em 2016 para 85 em 2017. Com a ¿trégua¿ deste início de segundo semestre, o percentual de crescimento ficou em 19,4%, passando de 72, em 2016, para 86 neste ano.
Das 86 mortes violentas registradas até o dia 15 de agosto, 76 foram homicídios; cinco, latrocínios; dois, feminicídios; e três, em confrontos com a polícia. Conforme a delegada regional de Joinville, Tânia Harada, a diminuição no percentual de crescimento pode ter ligação com o investimento feito na Delegacia de Homicídios (DH) em maio deste ano. À época, a unidade recebeu mais pessoal, armamento, viaturas e acessórios policiais.
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– A Delegacia de Homicídios recebeu, recentemente, 25% de aumento de efetivo, quatro viaturas e seis armas longas. Isso (a redução) pode ser resultado deste incremento da DH – analisa a delegada.
A aproximação da Polícia Civil com a comunidade também contribui para a diminuição. O órgão vem fazendo exposições e eventos nos quais a população pode acompanhar o trabalho realizado na cidade. Além disso, ações de fiscalização a estabelecimentos comerciais demostram a presença da polícia nos bairros.
Para o policial Francisco Dornélis, a presença mais efetiva da PC pode ter colaborado para reduzir o índice.
– Tirando essas operações, estamos procurando mostrar mais a presença da polícia nas ruas. Em locais que não tinham muita atenção, de noite ou em outros horários – afirma.
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A delegada Tânia ressalta que, de 2016 para cá, também houve maior esforço das delegacias de área em coibir roubos e tráfico de drogas. Segundo ela, as unidades fizeram diversas prisões para reprimir estes delitos.
Delegada diz que repressão a roubos e furtos contra o patrimônio é prioridade

À frente da Delegacia Regional de Polícia Civil de Joinville há cinco meses, Tânia Harada trabalha para colocar em prática as prioridades da gestão. Apesar do curto período, algumas mudanças foram implantadas. Além do foco em melhorar o atendimento as vítimas, por meio do acolhimento e humanização, há esforço em coibir a incidência de crimes patrimoniais – roubos e furtos.
Além de as delegacias de área estarem empenhadas em combater este tipo de crime, a Divisão de Investigação Criminal (DIC) recebeu incremento para ajudar na redução desse tipo do delito. A unidade passou a contar com mais um delegado, que foi transferido de Araquari para Joinville. Os policiais de todas as unidades também foram orientados a focar na repressão a roubos e furtos, além do combate ao tráfico.
– Não tem como fugir do tráfico, temos que trabalhar com isso também. Mas foi pedido um esforço maior nessa divisão de repressão a roubos. Com mais um delegado, devemos ter um resultado melhor porque ele será responsável só por isto – afirma.
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Para melhorar o atendimento, está em estudo o remanejamento de policiais entre as delegacias. A intenção é realocar servidores de unidades de menor demanda para outras que tenham maior necessidade de pessoal, a exemplo do incremento realizado na DH em maio. Segundo Tânia, a distribuição de policiais precisa seguir critérios como o da mancha criminal e a população local.
– O número de servidores que se tem hoje na delegacia do Aventureiro, por exemplo, que atende a mais de 100 mil pessoas, é o mesmo do Vila Nova, que atende a 20 mil. Temos buscado equilibrar isso – diz a delegada.
Outra mudança prevista é a reforma da Central de Polícia (CP) de Joinville. A restruturação, feita em parceria com a OAB, prevê adequações em toda a unidade. Dentre as alterações, está a divisão da sala de espera – para garantir espaço individual para a família da vítima e também dos presos.
Ainda está nos planos a construção de uma sala para entrevista reservada entre advogados e conduzidos à CP. Outras melhorias estruturais devem ocorrer no prédio. Os materiais para realizar a reforma estão sendo captados. O endereço onde são registrados os boletins de ocorrência (BOs) deve mudar nos próximos meses.
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Atualmente, os registros são feitos na Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) e passarão a ser feitos na DIC, informa a delegada regional.