O número de mortes violentas em Joinville está 20,5% maior do que o do mesmo período do ano passado. Até o 15 de abril de 2016, foram 39 casos. Já entre janeiro e o último sábado, foram 47 ocorrências: 43 foram homicídios, dois latrocínios e dois homens foram mortos em confronto com a polícia.Segundo o delegado da Delegacia de Homicídios (DH), Dirceu Silveira Júnior, os bairros Jardim Paraíso (6), Jarivatuba (4), Paranaguamirim (3), Comasa (3), Espinheiros (3) e Aventureiro (3) respondem pela maior parte das incidências. Para o delegado, o problema que motiva a maior parte destes crimes ainda é o mesmo: a disputa entre facções.

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– A causa para a maioria das mortes em Joinville é uma questão geográfica de disputas entre facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas.

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Para ele, as duas organizações criminosas que atuam na cidade, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e Primeiro Grupo Catarinense (PGC), monopolizam o controle da venda e distribuição de entorpecentes em determinadas áreas. Quando os grupos ocupam um lugar, o conflito é direcionado para outros ambientes passíveis de ainda serem ¿conquistados e controlados¿.

– A disputa pelo poder do tráfico está nas mãos de duas organizações. Quando você tem uma diminuição de número de crimes contra pessoa em determinada área é porque de alguma maneira estabilizou o crime. Ou alguém sobrepôs o controle de outra pessoa ou eles desistiram daquele ambiente – explica.

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Dados fornecidos pelo delegado dão conta de que a Polícia Civil tem uma taxa de resolubilidade de 30% a 40% dos casos ocorridos neste ano, com inquérito concluído e autoria definida. O delegado ressalta que os casos que acabam demorando mais para serem concluídos são os mais latentes. Como a morte de Lucas de Goés da Rosa, 18 anos, que teve o corpo encontrado em um mangue no bairro Jardim Paraíso no último dia 6.

Dirceu aponta que, apesar da Polícia Civil não ter a responsabilidade funcional de prevenção, a investigação dos crimes contra a pessoa de natureza dolosa contribui para a diminuição dessa taxa. Segundo ele, a apuração dos inquéritos policiais e a definição de autoria ajudam a desmantelar a organização dos crimes.

– Mesmo que não tenhamos essa função preventiva, todo o trabalho de investigação contribui para a diminuição destes crimes violentos. Porque até eles (os criminosos) se reorganizarem e se reestabelecerem novamente demora algum tempo, e isso dificultada a ação deles também – acrescenta.

Crimes ousados

Para o delegado Dirceu Silveira Jr., o que tem chamado à atenção da polícia nos últimos crimes registrados em Joinville é o atrevimento e a falta de respeito à vida por parte dos criminosos. Conforme ele, a dignidade do ser humano não tem sido poupada nos últimos delitos registrados.

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– Os criminosos não estão só tirando a vida das pessoas. Eles estão matando e praticando atos ainda mais brutais com as vítimas – argumenta.

Além do jovem que foi enterrado no mangue na zona Norte, o delegado também relembrou outro caso com requintes de crueldade ocorrido na cidade. A cabeça do jovem Alan Santos, de 24 anos, foi encontrada dentro de uma mochila preta. A bolsa foi localizada por uma senhora e um vigilante em frente a um posto de saúde no Vila Cubatão no final do mês de março.

De acordo com o Dirceu, uma equipe da Polícia Civil ainda investiga o caso para identificar os suspeitos da decapitação.