A cada três dias, um assassinato. É nesse ritmo que Joinville já soma 51 homicídios desde o início do ano. Não há registro de outra época com tantas mortes até o mesmo período de junho na cidade. A exemplo do primeiro trimestre, os números também fazem deste semestre, com duas semanas de antecedência, o mais violento na história do município, já igualando o ano de 2008.
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Se a frequência de assassinatos for mantida até dezembro, o recorde histórico negativo do ano passado, que terminou com 95 vidas perdidas para a violência, será superado em 2015. Os dados de “A Notícia” têm base em um levantamento próprio da reportagem, que também considera casos de latrocínio e de mortes em confronto policial, com base em informações divulgadas diariamente pelos órgãos de segurança.
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Jovens são os principais alvos
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As estatísticas ainda revelam o perfil dos principais alvos: são homens jovens, em maior número na casa dos 20 aos 29 anos de idade, mortos a tiros na maioria das vezes. Desde o começo do ano, mais da metade das vítimas de homicídio em Joinville tinha menos de 30 anos de idade. E, de cada três assassinatos, dois foram praticados com arma de fogo.
Essas circunstâncias retratam, por exemplo, os casos de seis das oito vítimas mortas na região do bairro Jardim Paraíso, por exemplo, que desde o ano passado voltou a aparecer entre as áreas de maior concentração das ocorrências de homicídio na cidade. O garoto Lucas Michel dos Santos, de 15 anos, foi morto nesta quinta-feira no bairro.
Duas mulheres foram mortas em Joinville desde o começo do ano, uma delas vítima de crime passional.
Mais da metade tem envolvimento no crime, diz delegado
Mais da metade das vítimas de assassinato em Joinville já teve envolvimento em furtos, roubos ou com o tráfico. A constatação é do delegado Luís Felipe Fuentes, um dos titulares da Divisão de Homicídios da Polícia Civil. Era o caso, diz o delegado, dos quatro homens assassinados no último fim de semana na cidade. Todos já respondiam a algum processo criminal.
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Seja por dívidas, rixas pontuais ou na disputa por território, completa o delegado, os envolvidos no crime acabam mais expostos.
– Fica inserido num contexto criminoso, em que disputam espaço e ameaçam uns aos outros. É comum os próprios familiares comentarem que já temiam o que poderia acontecer. Não chega a ser surpresa para muitos – relata.
Um dos desafios na tentativa de se reduzir os índices, argumenta Fuentes, é o tempo de permanência dos suspeitos na prisão. O entendimento é de que parte das pessoas detidas por envolvimento no crime acaba solta em pouco tempo e, quando não volta a praticar delitos, fica vulnerável a grupos rivais.
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– Fizemos buscas por tráfico na casa de uma das vítimas mortas do último fim de semana, cerca de um mês atrás. Tinha bastante dinheiro escondido, mas não havia droga. Então, continuou solto – conta.
Hoje, cerca de dez policiais integram a Divisão de Homicídios em Joinville. É unânime no meio policial que o grupo deveria ser ao menos duas ou três vezes maior para lidar com a demanda.
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