Os primeiros três meses do ano carimbaram um novo recorde negativo sobre os números da segurança pública em Joinville: com 31 homicídios registrados no período, foi o trimestre mais violento em uma década na cidade.
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Dá uma média de pelo menos um crime a cada três dias. É praticamente o dobro dos assassinatos registrados nos primeiros três meses de 2014.
“A Notícia” calcula as ocorrências a partir de um levantamento próprio, que também considera casos de latrocínio e de mortes em confronto policial, com base em informações divulgadas diariamente pelos órgãos de segurança. Por critérios de investigação, a conta da Divisão de Homicídios da Polícia Civil em Joinville desconsidera da lista apenas duas ocorrências de mortes em confronto.
Mas é unânime entre as principais lideranças policiais da cidade a avaliação de que os números devem servir de alerta. A principal resposta aos crimes, não há quem discorde, passa pelo reforço do efetivo policial.
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_ Estou há 12 anos na Polícia Civil. Quando cheguei em Joinville, havia mais policiais nas delegacias. Nenhuma estava em situação de abandono, de falta de pessoal. A Central de Polícia nunca teve tão poucos policiais por dia de plantão como agora, a DP da Mulher nunca teve tão pouca gente. O aumento de crimes não é acompanhado pelo aumento estrutural _ aponta o delegado Luis Felipe Fuentes, da Divisão de Homicídios.
Sem uma delegacia própria para investigar assassinatos, o quadro de policiais disponíveis divide atenções com outras demandas, como cumprimento de mandados de prisão e atividades burocráticas.
Fuentes supervisiona a Divisão de Homicídios ao lado do delegado Paulo Reis. Somente quatro agentes preenchem a escala de atendimento nos locais dos crimes. E cada delegado conta com o apoio de mais dois agentes. Assim, apenas oito investigadores ficam à disposição da dupla de coordenadores na tentativa de esclarecer todos os assassinatos da cidade. Precisaria haver, dizem, no mínimo, o dobro para dar conta do recado.
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_ Não digo que reduziria o número de homicídios imediatamente, mas daria uma resposta _ raciocina Fuentes.
Os dois casos mais recentes em Joinville foram registrados na segunda. O corpo de uma mulher foi encontrado na Estrada Rio do Morro, zona Sul; e o de um homem, em Pirabeiraba.

Menos vítimas em cidades do mesmo porte
Comparados aos municípios de porte parecido, os índices de Joinville também preocupam. Londrina (PR), que tem cerca de 11 mil habitantes a menos, registrou 11 assassinatos nos primeiros três meses de 2015. O número é comemorado porque a cidade paranaense havia registrado 27 homicídios no primeiro trimestre de 2014.
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Até então, a semelhança com Joinville era tamanha que, no ano passado inteiro, Londrina somou 93 casos, apenas dois a menos que Joinville. Lá, a redução de mortes é atribuída ao combate ao tráfico de drogas.
Caxias do Sul (RS), que tem cerca de 84 mil habitantes a menos que Joinville, registrou 22 assassinatos no último trimestre, mantendo a média do ano passado na cidade gaúcha. Em Joinville, a constatação dos investigadores é de que, na maioria dos casos, a vítima já vivia sob maior risco por ter algum envolvimento com o crime.
Assim, além de haver casos em que a pessoa estava jurada de morte, é comum testemunhas omitirem informações por comprometimento com o tráfico, por exemplo. Levantamento da Divisão de Homicídios indica que mais da metade das vítimas tinha algum antecedente criminal, embora muitos sem condenação.
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