O baixo efetivo de agentes que atuam no Programa de Controle da Dengue e a falta de comprometimento da comunidade são os argumentos da prefeitura de Itajaí para justificar o surto pelo qual o município está passando – são quatro casos de transmissão da doença e outros 15 suspeitos.

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A diretora da Vigilância Epidemiológica de Itajaí, Rachel Marchetti, destaca que os 25 agentes que atuam no município não são suficientes e observa que 90% dos focos positivos são encontrados nos terrenos residenciais. Para reforçar a prevenção a prefeitura decidiu ontem integrar os 300 agentes do Estratégia Saúde da Família no combate à dengue.

– A gente vem trabalhando desde março com tudo o que a gente pode – garante.

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O professor da UFSC e doutor em Entomologia Médica Carlos José de Carvalho Pinto dá outra alternativa para explicar o surto: o local das armadilhas e os cuidados dos agentes com elas. Carlos esclarece que as armadilhas – que em geral são vasos de planta com água – têm que ser instaladas em locais-chave, com grande circulação de pessoas, como rodoviárias, aeroportos, portos ou mesmo um hotel que receba muitos turistas.

– Ao encontrar uma armadilha com a presença de ovos ou do mosquito elas têm que ser vistoriadas uma vez por semana, porque esse é o tempo que o mosquito leva para se tornar adulto – explica.

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Números baixo de agentes compromete prevenção

Uma hipótese para a atual situação de Itajaí, segundo o professor, é os agentes não terem dado conta de olhar as armadilhas em tempo hábil, fazendo com que elas se transformassem em criadouro do mosquito. Como o mecanismo é fixado em locais com ampla circulação, no momento em que alguém de outro município surge com o vírus e é picado, inicia o ciclo de contaminação.

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– Provavelmente foi o que aconteceu. Não foi feita uma prevenção efetiva. Em toda a história mundial, onde tem o mosquito tem dengue – afirma.

A solução apontada pelo especialista para controlar o surto e prevenir a ocorrência de epidemia é a realização de campanhas educativas, além dos bloqueios de casos (quando os agentes passam num determinado perímetro em que houve transmissão, lançando inseticida contra as casas para matar os mosquitos) em toda área com infestação. Em Itajaí, bairros São Vicente e Cordeiros. Carlos frisa que essas ações são complementares, precisam andar juntas.

– O que acontece é que ao verem a fumaça, as pessoas fecham as janelas e se trancam em casa, quando elas tem que fazer justamente o contrário – observa o professor.

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