A confirmação do terceiro caso de dengue contraída em Itajaí, Litoral Norte de SC, na tarde desta quinta-feira, levou a Vigilância Epidemiológica do município a deflagrar uma caçada inédita ao mosquito aedes aegyti _ transmissor da doença. A operação “Bloqueio de Casos” teve início às 17h e contemplou nove quarteirões do bairro São Vicente, nas proximidades da rua Manoel Francisco Coelho, onde ocorreram as transmissões.
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Seis técnicos do Programa de Controle da Dengue de Itajaí percorreram as ruas da localidade com bombas motorizadas e lançaram inseticida em direção as casas, prédios e estabelecimentos comerciais.
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– Ao fazer a aplicação em direção as casas, o inseticida cria uma neblina e mata os mosquitos que estiverem voando no local. Nosso objetivo é matar as fêmeas adultas do aedes aegyti, são elas que transmitem o vírus – explica o coordenador do Programa de Controle da Dengue de Itajaí, Lúcio Vieira.
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Durante a operação, os técnicos trabalharam protegidos com equipamento de segurança, como máscara e macacão cumprido. Apesar disso, Lúcio garante que o inseticida não causa nenhum dano ao ser humano.
– A dose do produto é extremamente calculada para ser letal ao mosquito. Os técnicos utilizam equipamento de segurança completo porque na hora do lançamento pode ventar e jogar o inseticida sobre eles. No ar, o produto não oferece risco – esclarece.
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A ação no local de transmissão do vírus é a última cartada do Programa de Controle da Dengue para combater o mosquito. A operação só vai ser feita novamente, caso sejam registrados novos casos de dengue adquiridos em Itajaí.
Na manhã desta quinta-feira, os técnicos também estiveram no bairro São Vicente. Eles visitaram as residências situadas no perímetro em que ocorreram as contaminações para eliminar focos positivos do mosquito e orientar os moradores a como evitar o surgimento do aedes aegyti.
Aumento no número de focos
O número de focos positivos aumentou absurdamente em Itajaí no ano passado em comparação com 2013. Conforme a enfermeira do Programa de Controle da Dengue Jacqueline Koch, de janeiro a dezembro de 2014, foram contabilizados 259 focos positivos do mosquito, dos quais 135 foram encontrados no São Vicente e 103 no bairro Cordeiros. Contra apenas três em 2013.
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Neste ano, de 1º a 7 de janeiro já foram registrados seis focos positivos. Nenhum nos bairros São Vicente e Cordeiros. Como os dois bairros apresentam infestação de focos do aedes aegyti, as localidades estão sendo ignoradas pelo levantamento.
O salto no número de focos positivos pode ser explicado por uma conjunção de fatores. De acordo com Lúcio, os três primeiros meses de 2014, época de chuva, foram secos e quentes. Os meses seguintes foram chuvosos e o inverno não foi rigoroso, como deveria, o que possibilitou a proliferação do mosquito. O coordenador do programa também cita os depósitos nos fundos dos terrenos das residência, com lonas, bacias plásticas, que acumulam água e se tornam um criadouro do mosquito. E o costume de moradores de guardar água da chuva em recipientes sem tampa.
– O aedes aegyti quer sombra e água fresca. Piscinas são o menor dos nosso problemas, porque geralmente elas ficam no Sol – alerta Lúcio.
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Os bairros São Vicente e Cordeiros lideram o ranking de focos positivos, segundo Lúcio, por serem os mais populosos de Itajaí e terem um maior número de imóveis.
– Quanto maior o número de imóveis mais lugar para a fêmea colocar os ovos – observa.
Além disso, a presença de ferros velhos no Cordeiros, onde carros batidos se acumulavam aos montes sem nenhuma cobertura, de acordo com Lúcio, fez surgir muito focos. Assim como a presença de depósito de pneus no São Vicente.
Lúcio informa que os estabelecimentos foram notificados e tiveram de cumprir uma série de recomendações para se adequar.
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Falta de conscientização
A proliferação de focos do mosquito no São Vicente e no Cordeiros foi tão grande, que agora só a comunidade pode ajudar a reverter o quadro. Lúcio sugere que os moradores tirem cinco minutos do seu dia para limpar o seu terreno.
– A Secretaria de Saúde está fazendo a parte dela, falta a população fazer a sua – disse.
Segundo Lúcio, os moradores ainda não se deram conta do risco que estão correndo.
– Há dois meses passamos no São Vicente para eliminar focos e dar orientação. Hoje de manhã (quinta-feira) encontramos os mesmos problemas – conta.
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Três casos da doença
Os três casos de dengue adquiridos em Itajaí ocorreram no bairro São Vicente. O primeiro foi registrado em julho do ano passado, quando uma adolescente de 14 anos contraiu o vírus. Os outros dois casos são de pessoas adultas que tiveram dengue no fim de dezembro passado.
Segundo a enfermeira do Programa de Controle da Dengue Jacqueline Koch, os três pacientes foram tratados em casa e responderam bem ao tratamento.
Sintomas
– Febre de dois a sete dias
– Dores no corpo (articulações, atrás dos olhos)
– Naúseas
Focos positivos de dengue por bairros de Itajaí
2015 (1º a 7 de janeiro)
São João – 3
Barra do Rio – 2
Cidade Nova – 1
Total – 6
*Segundo a Vigilância Epidemiológica de Itajaí, os bairros São Vicente e Cordeiros não estão sendo considerados porque registram infestação de focos positivos.
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2014
São Vicente – 135
Cordeiros – 103
Barra do Rio – 8
Salseiros – 6
São João – 3
Cidade Nova – 2
Centro – 1
Ressacada – 1
Total – 259
2013
Cordeiros – 1
Salseiros – 1
São João – 1
Total – 3