A Irmandade Muçulmana do Egito nomeou nesta terça-feira um chefe interino para substituir seu Guia Supremo, Mohamed Badie, detido na véspera pelo governo instalado pelos militares, que depuseram o presidente islamita Mohamed Mursi.

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Badie foi colocado em prisão preventiva por um período de 15 dias por “incitação ao assassinato” de manifestantes, segundo a televisão oficial egícpia.

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A detenção desfere um duro golpe no movimento islamita, criado há 85 anos e que há seis dias protagoniza uma sangrenta demonstração de força com a polícia e o exército, que deixou até agora mais de 900 mortos, em sua maioria manifestantes pró-Mursi, e centenas de detidos.

“Mahmud Ezzat, chefe adjunto da Irmandade Muçulmana, assumirá a função de guia supremo do grupo de forma temporária depois que as forças de segurança do sangrento golpe militar detiveram o guia supremo Mohamed Badie”, indicou o site do Partido da Justiça e da Liberdade (PJL), formação política da Irmandade Muçulmana.

Para Karim Bitar, diretor de pesquisa do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), de Paris, Ezat “tem a reputação de ser um falcão”. “Pode ser um sinal para mostrar que se pode responder ao autoritarismo com autoritarismo”, acrescentou.

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A Irmandade Muçulmana já havia indicado que Badie “era apenas um indivíduo entre os milhares que se opõem ao golpe de Estado”, dando a entender que o movimento continuará sua mobilização contra a destituição e a detenção de Mursi no dia 3 de julho pelo exército.

As televisões locais, aderidas à causa do exército e a favor da violência aplicada contra o “terrorismo da Irmandade Muçulmana”, emitiram imagens nas quais era possível ver Mohamed Badie prostrado e vestindo uma galabiya, a longa túnica branca tradicional egípcia.

Badie, de 70 anos e que só apareceu em público uma vez desde a deposição de Mursi, foi detido na madrugada desta terça-feira em um apartamento do Cairo e conduzido à prisão de Tora, onde se encontram seus dois adjuntos, Khairat al-Shater e Rashad Bayumi, com quem será julgado no domingo por “incitação ao assassinato” de manifestantes anti-Mursi.

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Desde o início das manifestações pró-Mursi, milhares de membros da Irmandade Muçulmana foram detidos, entre eles alguns responsáveis, como o chefe de seu partido político e ex-presidente do Parlamento Saad al-Katatni, também detido.

Na prisão de Tora também se encontra detido Hosni Mubarak, o presidente expulso do poder por uma revolução popular no início de 2011. Este último encontra-se na prisão apenas por um caso de corrupção, depois de ter obtido a liberdade condicional em outros três após a superação do período máximo de prisão preventiva.

Quanto à Mursi, que está detido pelo exército em um local secreto desde sua deposição, foi acusado de “cumplicidade de assassinato” e de “torturas” contra manifestantes na segunda-feira.

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