Cerca de 30 moradores nativos do Rio Vermelho, no Norte da Ilha, ameaçam bloquear a rodovia SC-406 em protesto à ocupação sendo montada desde o início deste domingo em Florianópolis. Eles não querem que o terreno ao lado do Costão Golf Club, pertencente à União e adminstrado pelo Lar Recanto da Esperança, torne-se uma segunda Amarildo de Souza.
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A Polícia Militar está no local, impedindo que o trânsito seja interrompido e controlando os ânimos de moradores que ameaçam atear fogo nos veículos e barracas dos membros da ocupação.
A Tropa de Choque e Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) foram chamados ao local durante a tarde. Por volta das 19h, entre 20 e 30 policiais acompanhavam a situação. A PM acredita que, se deixar o local, o confronto entre moradores e membros da ocupação seja inevitável.
O terreno no Rio Vermelho, no Norte da Ilha, pertence à União e é cedido à fundação Lar Recanto da Esperança. A PM tem em mãos um e-mail assinado pela diretoria da fundação, pedindo providências ao poder público e afirmando que não autoriza a ocupação.
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A área pertencia ao traficante carioca Paulinho da Matriz e hoje abriga um centro de tratamento para dependentes químicos. A diretoria do Recanto da Esperança não foi localizada pela reportagem.
Segundo o major Fábio Matos de Melo, a polícia não recebeu ordens para retirar ninguém e apenas acompanha a situação, cuidando para que não aconteçam interferências no trânsito da rodovia.
Com informações do repórter Diogo Vargas
:: PM foi acionada para evitar que ocupação Invada terreno ao lado. Ouça a entrevista com o Comandante João Henrique, concedida à CBN Diário
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Ocupação polêmica
O deslocamento das pessoas que acampavam na região do Morro dos Cavalos, em Palhoça, começou durante a madrugada deste domingo. De acordo com um dos líderes da ocupação, Rui Fernando, o acampamento no terreno em Palhoça era provisório e eles aceitaram a transferência da SC-401 para lá apenas para evitar que algo mais grave acontecesse, comprometendo a integridade das famílias.
As famílias começaram a deixar o terreno ocupado na SC-401 na última terça-feira. Elas foram realocadas para uma área próxima ao Morro dos Cavalos, no bairro Maciambu, em Palhoça.
Porém, a proprietária dessa área afirmou que não permitiu a ocupação. O imóvel da mexicana Rocío Delfín foi alugado pelo padre Luiz Prim em 2008 e ele que teria deixado que a região fosse usada com acampamento provisório.
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A área de Morro dos Cavalos foi reconhecida pelo Ministério da Justiça em 2008 como terra indígena. Por isso, Rocío espera o desenrolar da questão para vender o imóvel ou receber a indenização do governo federal. Além disso, ela e seu ex-marido disputam a propriedade do terreno em um processo que tramita na Vara de Família do Fórum de Palhoça.
O Conselho Indigenista Missionário Regional Sul (Cimi Sul) divulgou uma nota no dia 19 de abril, Dia do Índio, em que condenava a ocupação do terreno em Palhoça – reivindicada por eles como terra indígena Guarani. No texto, eles dizem que a transferência do acampamento pelo governo estadual e federal é um ato de violência contra os Guarani. O Conselho também afirmou se solidarizar com os integrantes do acampamento, “que dignamente lutam por terra, moradia e justiça”.