Enquanto as tensões voltam a subir no leste da Ucrânia, com a retomada do parlamento de Donetsk por manifestantes pró-Rússia, os habitantes da Crimeia observam com apreensão o desenrolar dos acontecimentos. Embora o ritmo da vida cotidiana em Sebastopol não tenha sido modificado, há sinais claros de que a península está no centro de uma comoção internacional.
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Em depoimentos a Zero Hora por telefone e e-mail, moradores de Sebastopol, principal cidade portuária da Crimeia e base da Frota Russa no Mar Negro, relatam as condições de vida na cidade desde o início da revolução ucraniana.
O estudante Ruslan Nikolaev, 20 anos, afirma que, afora os protestos diários na praça principal da cidade, não há pânico nas ruas e os preços não subiram. Apenas a gasolina está mais cara (“Mas podemos perceber isso em toda a Ucrânia”). Em seguida, ele toca num tema que parece ser comum aos estudantes de todo o mundo:
– Para mim, o problema é o preço do transporte público.
Segundo Ruslan, ninguém deseja a guerra, mas, de qualquer maneira, aposentados estocaram comida e produtos de limpeza (“Talvez antigos hábitos”). As entradas da cidade estão bloqueadas, afirma o estudante, que também percebe revista a todo o transporte. Lojas, hospitais, serviços administrativos e de infraestrutura estão normalizados.
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A vida segue normal para o designer Eugene Briancev, 29 anos. Com um pouco de ironia, ele observa:
– Não há pânico nas ruas, a maior parte dos cidadãos de Sebastopol pensa que está quase na Rússia. É apenas uma questão jurídica. Estamos esperando pelo “de jure” (de direito, referência ao fato de que a Crimeia seria já parte da Rússia de fato).
Briancev percebe uma pequena alta de preços. Por via das dúvidas, ele comprou passagens para a mulher e o filho até a Rússia, onde visitarão os avós.
Para a aposentada Valentina Efimova, doutora em biologia, todas as instituições na península funcionam normalmente.
– Os bem educados na Crimeia não se envolvem em desacordos e manifestações políticas. Somos obrigados a realizar nosso trabalho em todas as situações. Todas as manhãs pode-se encontrar boa comida, tudo está quieto e calmo, mas vivemos com medo a respeito do futuro em nossos corações.
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O cirurgião Nikolai Tcaturian, 47 anos, nota um aumento na segurança no hospital em que trabalha. “Em qualquer situação, estaremos do lado da saúde”, afirma.
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