A guerra entre facções criminosas que foram criadas dentro do sistema penitenciário é uma realidade em Joinville. Judiciário e polícias conhecem a atuação e alguns integrantes do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) e do Primeiro Comando da Capital (PCC). Mas reconhecem que não se pode atribuir todos os homicídios, nem toda violência a esse fenômeno.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Embora não haja uma investigação específica que tenha gerado inquérito criminal apenas contra os dois grupos, o PGC e o PCC, há uma série de processos em que a atuação aparece de forma cruzada, como nos atentados a ônibus que ocorreram em Joinville e em todo o Estado e nos ataques a delegacias e viaturas policiais.

Segundo o delegado regional da Polícia Civil, Dirceu Silveira Júnior, a violência entre as facções é bem conhecida e reflete, principalmente, a ação de organizações que se colocam em guerra pela disputa do resultado financeiro do crime. Para o delegado, a violência fica mais visível quando ocorre de maneira concentrada.

>> Joinville registra sete homicídios em cerca de três horas neste domingo

>> Momentos de terror na zona Sul de Joinville, relatam moradores

– O que chamou a atenção nesta semana é o lapso temporal e o número de mortes num curto espaço de tempo. Mas é importante salientar que esses indivíduos estão numa situação de risco, se colocaram numa situação de risco, se colocaram como partícipes de uma situação que os deixa em risco – diz o delegado.

Continua depois da publicidade

Conforme Silveira Junior, o aumento da violência tem uma influência direta do tráfico de drogas e das disputas entre grupos criminosos.

– A maioria dos crimes de morte de Joinville tem como motivação as drogas, a disputa territorial, ou são vítimas de um grupo de risco – afirma.

Atuação dos grupos é conhecida

A ação dos grupos é conhecida também do Ministério Público de SC. Os dois grupos dividem territórios, disputam resultados financeiros do crime e chegam a lotear a cidade, como ocorreu no bairro Jardim Paraíso no começo de 2015, quando o setor de inteligência da PM descobriu que uma série de homicídios estava ligada à divisão do bairro pelos dois grupos.

Continua depois da publicidade

De um lado da avenida Júpiter, quem mandava eram os criminosos ligados ao PCC. De outro lado, os do PGC. Duas semanas antes das mortes do último fim de semana, o promotor Ricardo Paladino disse, em entrevista ao “AN“, que os números só iriam aumentar porque o Estado não priorizou a segurança pública como deveria.

– Nós sabemos onde estão as fragilidades em cada instituição. Chegou o momento em que não temos mais como cobrar das polícias números melhores porque elas chegaram aos seus limites – ressalta o promotor.

‘É possível que estejamos falando de uma disputa territorial com relação ao tráfico de drogas’, avalia delegado regional

Continua depois da publicidade

Quanto à atuação das facções, Paladino considera que elas não estão só na periferia, nem só no Jardim Paraíso, onde ocorreram as maiores ondas de violência nos últimos anos.

– Elas estão, principalmente, no Jardim Paraíso, mas não só lá – afirma o promotor, para quem a atuação geográfica espalhada pela cidade dificulta a atuação dos órgãos de segurança pública.

A PM chegou a levantar uma série de suspeitos e fez um relatório detalhado sobre a atuação dessas pessoas. Algumas delas acabaram mortas durante o ano, justamente no confronto entre as facções. Para o comandante-geral da PM, coronel Paulo Henrique Hemm, a disputa entre os criminosos, especialmente pelo tráfico de drogas, explica em parte essa situação.

Continua depois da publicidade

– Foi uma anomalia em um Estado que tem o menor índice de homicídios do Brasil – destaca, acrescentando que a PM tem feito inúmeras prisões e buscado informações que geram processos contra os líderes do tráfico.