Ir embora de seu país de origem é uma tarefa difícil. Deixar dois filhos para trás é pior ainda. Essa é história François Louis, 37 anos, e Pelina Jean, 31 anos, que se viram obrigador a sair do Haiti após o terremoto de 2010 e entrar de forma clandestina no Brasil. O casal está a sete meses em Jaraguá do Sul e já está legalizado. Depois de conhecer a história deles, um grupo de pessoas criou uma vaquinha online para que os filhos deles, de 3 e 6 anos, possam vir morar com os pais no Brasil.

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A iniciativa surgiu depois de um debate sobre políticas públicas de acolhimento aos haitianos, organizado pelo Projeto Pensamento em Movimento, do curso de direito da Católica SC, campus Jaraguá do Sul. François participou da palestra como ouvinte e o seu depoimento comoveu as pessoas.

– Ele não estava reclamando ou questionando algo. Estava contando sua história e as dificuldades que enfrenta diariamente – conta a professora e idealizadora da vaquinha, Mara Isa Raulino.

François estava no quarto ano de engenharia agroflorestal quando o terremoto destruiu o seu país. Em 2013, ele, a esposa e os filhos pequenos estavam passando fome. Por isso, com ajuda de atravessadores, chegaram à República Dominicana, à Colômbia, ao Equador e ao Peru. Entraram no Brasil pelo Acre e, há sete meses, estão em solo jaraguaense. François trabalha em uma metalúrgica e estuda curso de mecânica e metalurgia à noite, no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Pelina trabalha como doméstica.

– O casal envia U$$ 100 por mês para os filhos que ficaram com familiares no Haiti. Com a alta do dólar, o que era um repasse de R$ 250 virou R$ 400. Sendo que a renda do casal é de R$ 1,2 mil – conta Mari Isa.

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No começo de outubro, Mari Isa conversou com François sobre a vaquinha online. O grupo precisa arrecadar R$ 11 mil para que o haitiano busque seus filhos e retorne ao Brasil. Segundo a professora, a história é comovente, porque o casal sente a falta e a dor da ausência dos filhos. Sem falar que eles têm um bebê de quatro meses, o que gera mais custos.

Para ajudar o casal, basta acessar https://www.vakinha.com.br/vaquinha/promover-o-reencontro-de-uma-familia-haitiana. A meta é juntar o dinheiro até 25 de novembro com intuito de comprar as passagens para o final de dezembro.

Não há um controle por parte da Prefeitura sobre os números de haitianos na cidade. Na Casa de Passagem, destina a moradores de ruas, 110 estrangeiros passaram por lá neste ano. Deste, 97 eram haitianos que são encaminhados para vagas de empresas com o objetivo de melhorar de vida.