Guardado em um armário no escritório do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) na Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, o Estudo de Análise de Riscos (EAR) desenvolvido para a restauração prevê ações diante de um eventual colapso da estrutura. O documento de 70 páginas foi feito em 2008 pela Prosul, empresa contratada para fazer a fiscalização da recuperação da Hercílio Luz e é um dos pontos apontados pelo Ministério Público do Tribunal de Contas do Estado, em relatório divulgado na semana passada, como fundamental para reação em caso de acidentes.
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A intenção do governo do Estado é atualizá-lo a partir do novo contrato com a construtora que fará a última fase da recuperação da ponte, a ser iniciada em fevereiro do ano que vem. Diferente do que ocorreu com o atual estudo, a que os órgãos de segurança não tiveram acesso, a intenção do Deinfra é levar o próximo documento a conhecimento de entidades como o Corpo de Bombeiros e Defesa Civil:
– Vamos chamá-los para participar da atualização – garante o engenheiro do Deinfra e fiscal da obra, Wenceslau Diotallévy.
O plano de 2008 detalha as condições da ponte na época e aponta para acidentes prováveis. Os perigos vão desde a derramamento de líquidos inflamáveis, passando por ferimentos em funcionários, até falar em queda do vão central. Neste quesito, o documento cita que ocorreriam “danos de grande monta, possibilidades de lesões pessoais, óbitos em terceiros e envolvidos na obra, impossibilidade de reconstrução do projeto original e possibilidade de interrupção da navegabilidade no Estreito, entre a Ilha e o Continente”.
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Como medida preventiva ou corretiva, o texto fala em ações como monitoramento permanente e uso de aço de melhor desempenho. Apesar de não constar no documento alertas para determinadas velocidades do vento, Diotallévy ressalta que há uma preparação para caso haja a previsão de vendavais.
Ventos preocupam
Se ocorrerem ventos de 30 a 40 Km/h, a Capitania dos Portos já suspende a navegação na região. Diante de um alerta da Epagri/Ciram para velocidade que superem os 80 km/h, chegando aos 100 km/h, o engenheiro afirma que os órgãos de segurança serão acionados, o que ainda não ocorreu.
O perigo de colapso parcial ou total do vão central é considerado no relatório como de risco moderado a severo, além de ser apontado como remoto, apesar de suas eventuais consequência serem de e críticas a catastróficas.
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Procurador critica estudo existente
polêmico relatório do Ministério Público do Tribunal de Contas do Estado, divulgado na semana passada, de que já foram comprometidos R$ 562,5 milhões com a reforma da Ponte Hercílio Luz, foca parte dos seus principais pedidos no plano de contingência em caso de queda da estrutura. A intenção do procurador Diogo Ringenberg é que o Estado faça o quanto antes o estudo para que a população que vive nos arredores seja iformada sobre quais procedimentos adotar em caso de um acidente no local.Ringenberg criticou o fato de existir um plano de contingência que não foi divulgado:
– Não existe plano de contingência que esteja escondido, que não seja informado à sociedade. Isso é ficção. As pessoas que vão pagar com a vida precisam ficar sabendo, serem treinadas.
O procurador Ringenberg também disse que desconhece o estudo de riscos feito em 2008. O documento não teria sido apresentado pelo Estado. Mesmo falando em um Plano de Ação Emergencial (PAE), o estudo que está com o Deinfra não detalha o que cada um dos órgãos faria em caso de colapso. Esse trâmite somente é descrito se ocorressem derramamento de combustíveis.
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