Os 27 médicos do Hospital Universitário da UFSC (HU/UFSC) suspeitos de descumprimento das horas contratuais só começarão a ser ouvidos pela Polícia Federal (PF) na quarta-feira. As primeiras audiências da Operação Onipresença, que estavam marcadas para esta terça, foram adiadas pela polícia porque os depoimentos anteriores – principalmente de testemunhas que trabalham na instituição – ainda não terminaram de ser analisados.

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A operação investiga profissionais que teriam cometido irregularidades no registro da frequência, atendendo em consultórios e empresas particulares durante o horário em que deveriam atuar na UFSC. Em 9 de junho, a PF cumpriu 52 mandados de busca e apreensão em Florianópolis, Tubarão, Itajaí e Criciúma para recolher documentos que possam ajudar nas investigações.

Delegado Ildo Rosa, da área de comunicação da Polícia Federal, explica que o número de depoimentos de testemunhas acabou sendo maior que o esperado: foram 82, incluindo aqueles procuraram a polícia voluntariamente para comentar irregularidades que haviam flagrado no hospital.

A PF chegou a pedir a condução coercitiva dos 27 médicos, mas a Justiça negou. Agora, três delegados devem escutar todos os suspeitos antes de se decidir se haverá indiciamento. A expectativa é que os depoimentos durem pelo menos dois dias.

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As investigações da Operação Onipresença começaram em outubro de 2013, após uma denúncia sigilosa. Além de punições administrativas, como a perda da licença, os envolvidos podem ter que ressarcir os valores que receberam sem ter trabalhado de acordo e perder os cargos públicos.

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:: Veja como funcionaria o esquema, segundo a PF:

Passo 1 – Médicos professores concursados da UFSC possuíam entre 40 e 60 horas semanais de contrato com o Hospital Universitário

Passo 2 – Os mesmos médicos também atendiam em clínicas particulares ou lecionavam em universidades privadas

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Passo 3 – O atendimento no HU seria por oferta, com horário marcado. No entanto, deveria ser por demanda de pacientes.

Passo 4 – A manobra permitia que os médicos tivessem trabalhos paralelos nos horários que deveriam estar atendendo no HU