Engenheiro civil e doutor em Geografia, Elson Pereira falou ao Diário Catarinense sobre os protesto de caminhoneiros no Oeste de SC e sobre as causas e consequências dessa mobilização.
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Faz sentido bloquear estradas para promover a discussão de tarifas, pedágios e combustível?
É uma situação de crise. Se a gente for extrapolar da questão urbana para a questão geral, essa crise vem de uma dependência exclusiva do modal rodoviário. Se tivéssemos outros modais, como o ferroviário, dependendo de outras matrizes energéticas, essa crise não estouraria quando se aumentasse o preço do combustível. Isso reflete de certa forma uma crise do modelo do transporte interno no Brasil.
O que poderia ser feito em termos de modais? Existe alguma chance do Brasil pensar outras formas do transporte de cargas que não seja exclusivamente o rodoviário?
A gente ficar refém de um único modal de transporte é como ter uma monocultura no país. Se você tem uma crise daquela monocultura, o país todo entra em colapso. O projeto ferroviário precisa ser retomado com urgência. Os grandes projetos ferroviários do país não são conectados, não têm uma visão de rede. Santa Catarina precisa repensar essa questão do transporte da região Oeste para o Litoral, porque evidentemente todos os portos estão no Litoral e há uma grande produção no Oeste. A curto prazo, temos um passivo histórico de planejamento e de transporte muito alto no país. A má notícia é que solução a curto prazo não existe. O que pode existir a longo prazo é uma política nacional.
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O senhor acha que a discussão deve se dar no âmbito político?
Sim. Essa é uma crise política, de governabilidade. O governo entrou em uma crise orçamentária porque gastou demais e agora está tentando resolver isso de uma maneira que está causando prejuízo para a população.
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