Caso a situação dos bloqueios em rodovias catarinenses permaneça inalterada, a Aurora Alimentos – maior cooperativa de alimentos do país, sediada em Chapecó – deve interromper totalmente a produção já nesta terça-feira, deixando cerca de 23 mil funcionários parados.
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A informação foi confirmada pelo presidente da Aurora e diretor estratégico de agronegócio da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mário Lanznaster, em coletiva de imprensa na tarde desta segunda.
Desde a última quarta-feira, caminhoneiros e agricultores proíbem a passagem de caminhões em pontos estratégicos do Estado, permitindo apenas aos carros de passeio, de emergência e transporte coletivo seguirem caminho. Os manifestantes pedem redução no preço dos combustíveis e melhoria nas condições das estradas, entre outras condições.
Às 17h45min desta segunda-feira, ao menos 16 pontos em rodovias estaduais e federais estavam fechados para caminhões. Em São Miguel do Oeste, foco do protesto, estima-se que 700 veículos estejam parados às margens da BR-282.
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Dificuldade para produzir e armazenar
Pelo menos 8 mil funcionários da Aurora devem interromper o serviço já pela manhã de terça-feira. O restante, caso a situação permaneça inalterada, deve cruzar os braços até o fim do dia.
O presidente da Aurora afirma que os primeiros quatro pontos da empresa a sofrerem interrupção na produção serão Abelardo Luz, Xaxim, São Miguel e Joaçaba. Nestes locais, já há informações de falta de combustível, ração e matérias-primas diversas.
– Muita coisa depende do transporte viário, do escoamento da produção à limpeza dos uniformes. A ração dura até terça-feira, depois não tem mais onde buscar. Não há onde armazenar carne, não há como transportar o leite – lamenta Lanznaster.
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Prejuízos ainda não podem ser calculados
A produção diária da Aurora é de 900 mil frangos e 18 mil suínos por dia. Segundo a empresa, são 170 cargas paradas nas unidades de armazenamento, além de todo carregamento feito nesta segunda-feira.
Além disso, a produção diária de 1,5 milhão de litros de leite da Aurora está seriamente comprometida. Ao menos 13 veículos carregados com o produto estão parados em barreiras pelo Estado, e 22 cargas na unidade de Pinhalzinho nem chegaram a deixar a empresa.
Segundo Lanznaster, a quantidade de efeitos adversos – dificuldade no escoamento, funcionários remunerados sem trabalharem, interrupção da produção – impossibilita uma estimativa do prejuízo que a Aurora teve até agora.
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– A gente se sente impotente. Não é uma questão de apoiar ou criticar um governo, mas de fazer o possível para diminuir o sofrimento de quem já passa por tanta dificuldade.
Início de mobilização na BR-470 em Pouso Redondo nesta segunda-feira. Foto: Michel Oliveira/Divulgação
Confira mapa com os pontos bloqueados:
No fim de semana, manifestantes entregaram um pauta de reivindicações ao deputado estadual Mauro de Nadal, que esteve no local e ficou encarregado de fazer uma ponte entre o grupo e autoridades dos governos estadual e federal.
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O movimento é independente, liderado por caminhoneiros autônomos da região. O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes e Transportadores do Oeste e Meio-Oeste Catarinense (Setcom), Paulo Sermione, afirma que a organização não tem envolvimento com o protesto, mas apoia as reinvidicações.
Manifestantes na manhã de sexta-feira Foto: Ederson Abi/Portal Peperi / Divulgação
No final da tarde a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc) anunciou o apoio ao motoristas. Já o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul), afirmou que a entidade não foi convidada oficialmente. Ele destacou que cada categoria deve buscar defender suas reivindicações.