Carlos Motta
Diretor da DalNeem Brasil e da Motta & Etchepare Advogados

O bordão “na crise, crie” nunca esteve tão atual. A falta de incentivo real à produtividade e o cenário político desencadearam uma crise econômica, a qual ainda não conseguimos mensurar as reais proporções. Neste contexto, estamos vendo muitas empresas demitindo no intuito de cortar custos. Mas tenho opinião formada. Não vejo outra forma de enfrentar qualquer crise que não seja investindo em pessoas. E é isso que estamos fazendo nos nossos negócios.
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A filosofia é que para enfrentar qualquer turbulência empresarial, o caminho é o da qualificação de funcionários para aumentar faturamento, de forma a identificar maus investimentos de áreas que estão prejudicando a de melhor rentabilidade, a área humana. E nós, como empresários, temos que refletir e estarmos sempre atentos: se há mão de obra ociosa e improdutiva, é também porque há erro na gestão, o que cria um ciclo vicioso, perigoso e que abala faturamento.
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Temos dois cases. Primeiro no agrobusiness. Neste ano, investimos de forma estratégica ao identificar pessoas que tenham qualidade e contribuição suficiente para trazer faturamento – seja direto ou indireto. Inclusive, abrimos novas vagas em áreas inexistentes, para que ocorram novas formas de ganhar dinheiro com o negócio e contribuir com todas as frentes de faturamento da empresa.
O segundo exemplo ocorre no escritório de advocacia. Bons funcionários não são apenas bons parceiros para o crescimento em lucros, mas, acima de tudo, para o corte de custos. O que se deve fazer é imprimir essa cultura no colaborador, projetando um futuro com retorno desta dedicação. Assim, criamos demanda.
Expusemos que, ao invés de novas contratações, abriríamos participação nos lucros, valorizando nossa equipe, para que todos se sintam parte de um todo e que projetem à frente, mesmo diante do cenário nacional desfavorável.
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Cícero Gabriel Ferreira Filho
Sócio-diretor da Pertencer Soluções Empresariais

Quando tocamos em clichês da cultura organizacional moderna – auditoria, consultoria e reestruturação -, os mesmos causam preocupação, baixa produtividade e minam, inclusive, a motivação e autoconfiança dos colaboradores.
Não é novidade para ninguém que custos não devem só ser medidos. Devem ser melhorados e possivelmente cortados. Porém, esquecemos frequentemente qual a composição efetiva deles e onde se encontram.
Para termos ideia, em números relativos à famosa mão de obra direta e indireta – resumindo, pessoas -, em alguns segmentos ela pode corresponder a mais de 50% dos custos envolvidos com produção. Em uma empresa de serviços, muito mais do que isso, chegando a 80% do custo total da atividade.
Fatalmente, em um momento de baixa no faturamento ou a tão usada e já desgastada palavra “crise”, esses valores de folha de pagamento saltam aos olhos e são foco de atuação, muitas vezes por falta de visão ou conhecimento de outros focos de corte, como retrabalhos, refugos, retrocessos e perdas de matéria-prima.
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Temos uma cultura do desconhecimento de gestão de custos, dificuldades em compreender como eles se relacionam e influenciam positiva e negativamente nossos negócios, e, então, viramos o canhão para as pessoas.
Se analisamos com afinco e definimos que não existe outro caminho, devemos cortar a pessoa do quadro de funcionários. Agora, olhando sistemicamente, talvez aquele colaborador fosse um cliente indireto dos nossos produtos ou podemos estar cortando um colaborador positivamente aculturado e comprometido.
Muito se fala do belo mundo de gestão de pessoas e todas as possibilidades de se ter um time engajado, comprometido, feliz com o que faz. Mas enquanto ainda tivermos lassidão em compreender custos e entender o impacto efetivo de demissões, viveremos somente na ilusão de que “gerimos” pessoas. Pense nisso, pois seu concorrente pode estar pensando.