Danilo Conti
Presidente do Núcleo de Jovens Empresários da Acij
O Brasil é o país do empreendedorismo. Pessoas de todas as idades e classes sociais tentam abrir negócios próprios. A oferta de franquias não para de crescer e abrem-se pontos com bandeiras mais ou menos conhecidas de Norte a Sul. É o sonho da independência, a genética da vontade de vencer, é o embate entre a ilusão dos projetos próprios e a realidade da burocracia e do crédito (ou falta dele).
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Cerca de metade dos jovens (até 30 anos) brasileiros gostaria de ter um negócio próprio. Mas o índice de sucesso, embora tenha crescido nos últimos anos, ainda mantém-se modesto, e tanto o tempo médio de vida quanto a taxa de sobrevivência das novas pequenas empresas ficam abaixo da média mundial.
O que impede o jovem brasileiro de empreender com sucesso? A resposta está nas questões estruturais. Apenas cerca de 3% dos novos negócios, no Brasil, baseiam-se em produtos originais. A maioria é uma cópia (melhorada ou piorada) de algum outro empreendimento. O Brasil tem uma tradição muito pobre de investimento na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, produtos e serviços.
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Mas as dificuldades vão além. Aspectos como a cultura média, a falta de educação financeira, a ausência de conhecimentos de gestão, tendência para o improviso, a falta de vocação para o atendimento ao cliente e a pouca atenção com a qualidade são determinantes.
Além disto, há o custo Brasil. Burocracia sufocante, que empurra o empreendedor para a informalidade, dificuldades de crédito, mudanças constantes nas regras do jogo de negócios, falta de clareza nestas regras, a velha tradição de “criar dificuldades para vender facilidades”… Tudo isto torna o empreendedorismo formal e honesto um pesadelo em potencial.
O país do empreendedorismo e da maravilhosa pequena empresa (a grande geradora de empregos) precisa assumir estes papéis e melhorar o cenário – da preocupação com uma cultura mais sólida (da educação básica à educação financeira) à higienização ampla da legislação e da burocracia. O sonho do empreendedorismo precisa apoiar-se numa realidade menos árida.
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Douglas Strelow
Vice-presidente para a região Norte do Conselho Estadual do Jovem Empreendedor de SC (Cejesc)
Nem “bicho de sete cabeças”, nem “Alice no País das Maravilhas”. Empreender é um desafio em qualquer lugar do mundo. No Brasil, como em muitos outros países que ainda não valorizam o empreendedor e não o reconhecem como um dos principais agentes de mudança da sociedade, o desafio é ainda maior.
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Sobre os empreendedores, podemos separá-los em dois tipos. De um lado, os jovens, com mente aberta, com vontade de crescer e propósitos de mudar o mundo. De outro, os adultos, geração anterior aos jovens, muitos estabilizados em uma empresa, com família para sustentar, buscando fazer carreira para ter a segurança de um futuro tranquilo. Mas isso não é regra. E o foco aqui são os jovens.
Os jovens querem mudar o mundo e são movidos por um propósito. Seu entusiasmo faz a vontade de empreender ser cada vez mais latente. Mas se temos jovens cada vez mais engajados em prol de um mundo melhor, o que ainda impede o jovem de empreender mais? Medo e vergonha de falhar, falta de experiência, falta de apoio da família e ansiedade em busca do retorno imediato são algumas das coisas que ouço muito.
Um estudo desenvolvido pela revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios, em parceria com a Confederação Nacional do Jovem Empreendedor do Brasil, buscou traçar o perfil do jovem empreendedor brasileiro e apontou que as principais dificuldades enfrentadas são a burocracia, a falta de capacitação e a dificuldade no acesso ao crédito.
Nesse cenário de incertezas, o movimento associativista assume papel de protagonista junto aos jovens. O Conselho Estadual do Jovem Empreendedor de Santa Catarina ocupa papel fundamental, assumindo a responsabilidade de atuar nas lacunas identificadas na pesquisa,fornecendo desenvolvimento gerencial e pessoal necessário para a formação de lideranças impactantes e transformadoras.
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Se Alice desbravou o país das maravilhas, também podemos lutar para enfrentar as dificuldades existentes para o empreendedor. Determinação, foco e planejamento são fundamentais para encará-las.