O coro contra as intenções de se reduzir o número de delegacias em Joinville ganhou novas vozes em reunião do comitê de segurança organizada ontem pela Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Joinville. Além das entidades de classe Acomac, Ajorpeme e CDL, que já haviam se manifestado contrariamente aos planos da Delegacia Geral, outras instituições representadas no encontro reprovaram a proposta.
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A Acij, que tratava o assunto com cautela e aguardava a reunião para se posicionar, reforçou a crítica contra os planos do delegado-geral da Polícia Civil, Artur Nitz, conforme “AN“ mostrou na semana passada.
Por sugestão do presidente da entidade, João Martinelli, um ofício foi assinado por todas as lideranças presentes e será encaminhado ao governo do Estado.
– O que se entendeu é que não faria sentido reduzir o número de distritos policiais se estamos em fase de pedir aumento de efetivo. Ninguém nos provou que isto dará resultado, é uma suposição imaginando que o policial dedicado ao serviço burocrático se tornará um bom investigador. Continuamos pleiteando as câmeras, o aumento de efetivo das polícias Civil e Militar. É um contrassenso a ideia de reduzir as delegacias – enfatizou Martinelli.
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O promotor de Justiça Ricardo Paladino e o juiz João Marcos Buch também participaram da reunião do comitê e reforçaram os protestos contra a ideia de redução. Na avaliação de Buch, em vez de reduzir o número de delegacias na cidade é necessário aumentar o efetivo policial.
– A Polícia Civil já trabalha com um efetivo reduzido, situação vivida também pela Polícia Militar, que há dez anos tinha um efetivo maior do que hoje. É preciso investir em segurança em vez de se fechar delegacias – disse.
Rodrigo Fachini (PMDB), presidente da Câmara de Vereadores de Joinville, e o deputado estadual Kennedy Nunes (PSD) ainda prometeram se articular para que nenhuma redução de estrutura ocorra na cidade.
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O delegado regional Dirceu Silveira Júnior, que em nenhum momento chegou a defender a ideia de redução de DPs em Joinville, sinalizou logo no início do encontro que todas as unidades têm efetivo insignificante e uma eventual redistribuição de policiais não impactaria em ganhos à Polícia Civil.
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Um histórico de defasagem
No início do ano passado, a reportagem de “AN” mostrou a defasagem do efetivo da Polícia Civil comparado à escalada da violência e ao aumento populacional da cidade. De acordo com dados divulgados pelo Sindicado da Polícia Civil de SC (Sinpol-SC), o efetivo de aproximadamente 170 policiais permanece igual há pelo menos 18 anos.
Com base em informações da Secretaria de Segurança Pública, foi possível observar que Joinville teve um acréscimo em crimes com violência naquele ano. Em 2014, a cidade bateu o recorde de homicídios, contabilizando 95 casos, conforme levantamento do “AN”. Porém, os registros da Polícia Civil são ainda mais assustadores: 103 assassinatos.
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A reportagem também comparou o efetivo da maior cidade do Estado com o da Capital e constatou que Florianópolis tinha 93% mais policiais do que Joinville em fevereiro de 2014. Os dados não levam em conta as delegacias estaduais.
Além disso, boa parte das delegacias especializadas, como a Divisão de Investigação Criminal (DIC), por exemplo, atende à toda região Norte do Estado. Dias depois da publicação da reportagem, o delegado-geral na época, Aldo Pinheiro D?Ávila, reconheceu que o efetivo estava abaixo da média estadual e prometeu a contratação de 22 agentes de polícia e quatro escrivães do último concurso para Joinville. O levantamento feito por “AN” também serviu de base para uma ação do Ministério Público que exigiu o aumento do efetivo na cidade.