Policiais militares que foram colegas e amigos do soldado Everton Rodrigues Bastos, 23 anos, protestam por justiça no julgamento dos acusados pelo assassinato, em abril de 2010, em Tijucas, na Grande Florianópolis. O júri popular se realiza desde a manhã no Fórum do Centro e dezenas de pessoas acompanham no plenário.
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Acusados de matar PM vão a júri popular em Florianópolis
Os PMs ligados à Associação de Praças de Santa Catarina (Aprasc) colocaram faixas no lado de fora do salão de júris, em que exigem justiça. Uma delas inclusive leva uma fotografia do policial morto enquanto trabalhava dentro de uma viatura na praça da cidade. Os colegas também vestem camisetas com a imagem do soldado Bastos.
Pela manhã houve o depoimento de cinco testemunhas. O julgamento foi interrompido para o almoço e recomeçou às 13h com o interrogatório. Serão ouvidos seis acusados. O primeiro a depor foi o réu Elias Pires, 44 anos, que negou envolvimento na morte do policial.
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— Não tenho nada com isso. Já incomodei muito com o tráfico, mas isso não tenho nada — disse Elias Pires, que também negou fazer parte da facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC).

Os outros cinco réus também negaram o crime, que são Eliezer Pires, Davi Pires, Daniel Pires, Israel Bittencourt, o ¿Reco¿, e Douglas Daniel da Cruz, o ¿Bolão¿. Os quatro Pires são integrantes da mesma família, sendo três irmãos e um sobrinho.
Israel Bittencourt afirmou no plenário que foi torturado pela polícia para confessar a morte. A juíza que preside o júri, Érica Lourenço de Lima Ferreira, o indagou sobre as três tatuagens que possui de palhaço (no mundo do crime, é o símbolo de quem mata policial), mas ele negou que esse seja o significado.
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Responsável pela acusação, o promotor Andrey Cunha Amorim pediu a condenação dos seis réus pelo homicídio do soldado Bastos e a tentativa de homicídio do soldado Thiago José Fernandes, que sobreviveu.
O promotor afirmou que os réus pretendiam matar outro policial por vingança a uma prisão de um deles por tráfico de drogas, mas acabaram alvejando o soldado Bastos por engano. Bastos foi morto com um tiro de espingarda calibre 12 dentro da viatura. A equipe foi atraída à rua perto do teatro da cidade por um falso chamado de furto de veículo, que na verdade era uma emboscada.
“Pessoas temidas em Tijucas”
O caso está sendo julgado em Florianópolis e não em Tijucas, onde aconteceu o assassinato, em razão de um pedido de desaforamento da promotoria aceito pelo Tribunal de Justiça. A promotoria sustentou a periculosidade da família Pires e o temor que os réus supostamente exerceriam na comunidade local.
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— São pessoas temidas em Tijucas, basta ver os seus antecedentes, roubos, tráfico e homicídios — destacou o promotor.
Comandante-geral marcou presença
O comandante-geral da PM, coronel Paulo Henrique Hemm, esteve à tarde no salão de júris e assistiu por cerca de 30 minutos o julgamento ao lado de outros PMs.
A delegada responsável pela investigação na época em Tijucas, Luana Backes, também acompanha o júri no plenário.
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Os debates começaram pela acusação por volta das 17 horas. Não há previsão de encerramento, mas dificilmente a sessão se encerrará antes das 22h. Atuam na defesa dos réus os advogados Francisco Ferreira e Marcos Cattani e a defensora pública Fernanda Rudolfo.