Cinco razões por que infiltrações não colocarão Neymar na final da Copa

A ideia de um “tratamento alternativo” deu um sopro de esperança a milhares de brasileiros que ainda sonhavam com Neymar em campo nesta Copa, mesmo depois da lesão na coluna. Mas as famosas infiltrações – injeções aplicadas diretamente no local machucado – não são indicadas para tratar a fratura do camisa 10 da Seleção Brasileira. Em cinco razões, entenda o porquê.

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1. Infiltrações não curam fraturas

Segundo especialistas em contusões de atletas, as famosas infiltrações não curam fraturas como a sofrida pelo jogador.

– É uma medicação que alivia a dor, mas não trata neste caso – explica o presidente do Comitê Gaúcho de Traumatologia do Esporte, André Guerreiro.

O médico, que também atende aos jogadores do Brasil-Pel, explica que há situações em que o tratamento é indicado, como em pacientes que têm inflamações ou artroses. No joelho, por exemplo, este tipo de aplicação é mais comum para diminuir dores e para recuperar desgastes na cartilagem. Já na coluna, somente em pessoas com hérnias ou outras doenças crônicas e que, por algum motivo, não podem ser submetidas a procedimentos cirúrgicos.

– Hoje em dia, se usa mais em pacientes idosos, que sentem muita dor, que precisam de prótese, por exemplo – avalia o diretor médico do Inter, Paulo Rabelo.

2. Há a possibilidade de o jogador cair no doping

Existem dois tipos de medicamentos que podem ser utilizados em infiltrações: corticoide ou anestésico. Os dois podem conter substâncias proibidas pelo controle de doping.

– Anestésico tem um efeito localizado onde é aplicado, chamamos isso de bloqueio anestésico. Também tem o corticoide. Ambos podem configurar como doping – diz Guerreiro.

Segundo o médico especialista em antidoping Eduardo De Rose, nenhum dos dois medicamentos é indicado para tratar da lesão de Neymar:

– Existem outros aspectos mais determinantes numa fratura do que a dor que o atleta sente. Nenhum método dará condições de jogo a ele.

3. Existem outros tratamentos mais indicados

A infiltração é um dos últimos recursos utilizados para tratar lesões. Quando uma contusão é diagnosticada, existem inúmeros tratamentos considerados mais indicados para a cura do problema.

– A infiltração nunca é a primeira conduta a ser realizada. Ela é utilizada quando outros tratamentos não dão certo – afirma Guerreiro.

Antes, o método era utilizado com maior frequência. Mas porque os equipamentos de imagem e diagnóstico não tinham tanta tecnologia como os de hoje. Agora, é possível identificar melhor em quais casos as infiltrações são uma boa alternativa de tratamento.

Em 2000, o goleiro Fabio Costa, no Santos, teve uma lesão similar à de Neymar. A única diferença foi a força no impacto, segundo o médico que o tratou na época, Carlos Braga.

– O Neymar deve ter sofrido uma série de amassamentos musculares na região. A pancada deve ter atingido músculos e articulações antes de chegar à terceira vértebra – explica o médico.

Ao descobrir a gravidade da lesão, a recomendação ao goleiro foi de repouso absoluto, além de injeções (não infiltrações) de anti-inflamatórios. O tempo de recuperação foi de cerca de duas semanas.

4. A fratura pode se agravar com o esforço do atleta no jogo

Como as infiltrações, no caso de Neymar, só serviriam para aliviar as dores, o risco de a fratura se agravar com os movimentos exigidos durante uma partida de futebol é muito grande.

– Se ele sofrer outra pancada, pode complicar a fratura. Pode passar de uma lesão estável para uma deslocada – diz Guerreiro.

5. Médicos consideram antiético

As infiltrações têm efeito por três ou quatro horas. Ou seja: seria uma medida para que Neymar conseguisse apenas suportar a dor e entrar em campo para jogar. Tratar de lesões para que o paciente seja utilizado para determinada finalidade não é ético, na visão dos médicos.

– É uma agressão desnecessária ao organismo. Nós, médicos, achamos completamente antiético da parte desses profissionais que cogitaram botar o Neymar a jogar sem falar com o médico dele – opina Guerreiro.

O diretor médico do Inter, Paulo Rabelo, também considera o tratamento inadequado no caso de Neymar:

– Existe muita lenda envolvendo infiltrações nos atletas. Há muito tempo não se faz mais com frequência ou só para determinado atleta conseguir jogar.

Relembre o caso

Neymar sofreu uma fratura na terceira vértebra lombar da coluna e está fora da Copa do Mundo. Durante o jogo contra a Colômbia, pelas quartas de final da Copa, o atacante se preparava para dominar a bola ainda no campo de defesa quando o colombiano Zúñiga, por trás, levantou a perna direita para acertar o brasileiro com o joelho. Imediatamente, Neymar caiu no gramado e de lá só saiu dois minutos depois, de maca.

Os médicos preveem um período de recuperação da lesão de quatro a seis semanas. Zúñiga afirmou, depois do jogo, que não teve a intenção de lesionar o adversário. A Fifa investigará o lance e pode punir o colombiano.

Neymar retornou ao Rio de Janeiro com a delegação e foi confortado pelos companheiros na chegada a Teresópolis. Willian, Bernard ou a colocação de mais um volante são as principais alternativas de Luiz Felipe Scolari para a semifinal contra a Alemanha.

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*ZHESPORTES