As explosivas delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista e do diretor da JBS Ricardo Saud provocaram um terremoto político em Brasília, fragilizaram mais o impopular governo Temer e produziram mudanças no cenário político catarinense em relação ao pleito de 2018. O governador Colombo (PSD) continua sendo o favorito na disputa para o Senado, até porque serão duas as vagas. E há tradição no Estado de eleição de ex-governadores. Mas a imagem saiu prejudicada. E mesmo que, do ponto de vista jurídico, seu partido comprove que o dinheiro da JBS veio pelo diretório nacional e constou das prestações de contas, a avaliação política produz estragos no eleitorado. Por isso, Colombo retoma a agenda oficial, desdobra-se em criar fatos novos para virar a página e tirar do noticiário o desgastante fato político.

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O presidente do PSD, deputado Gelson Merisio, também saiu atingido pelo episódio, pela citação de seu nome e, sobretudo, pela saída do cunhado e maior aliado, Antônio Gavazzoni, da Secretaria da Fazenda, em circunstâncias dramáticas.

O senador Dário Berger (PMDB) pode jurar no Muro das Lamentações que não traiu o falecido senador Luiz Henrique da Silveira na eleição da presidência do Senado. Mas os líderes do PMDB não esquecem a delação, pois confirmou as suspeitas do próprio Luiz Henrique, denunciando traições logo após a escolha da nova Mesa do Senado. O cenário está mudando e, pelo que corre em Brasília, vai ser ainda mais alterado. Se Eduardo Cunha abrir o bico vai sobrar para líderes do PMDB. E se Antônio Palocci fizer delação premiada, Santa Catarina retornará ao noticiário do tsunami provocado pela Lava-Jato.

Imprevisíveis, pois, o futuro de Temer e da sucessão estadual.

As delações

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Parlamentares e políticos de Santa Catarina relacionados entre os 1.825 políticos beneficiados com recursos milionários do grupo JBS se dividem em dois grupos: os que receberam os recursos não contabilizados, sem controle e sem prestação de contas na Justiça Eleitoral; e os que receberam as contribuições na forma da lei eleitoral e prestaram contas ao TRE-SC. A conferir, também, os que receberam o dinheiro como propina e com notória prestação de serviços à JBS.

A defesa

Ex-secretário da Fazenda Antônio Gavazzoni está inteiramente dedicado à estudar as delações do grupo JBS sobre suposto recebimento de R$ 2 milhões para a campanha política de 2014. Tirou o chip do celular e só fala pelo WhatsApp. Recolheu-se ao escritório na esquina das avenidas Rio Branco e Osmar Cunha. Levanta dados voltado apenas para apresentação da defesa.

Posse

Fisco estadual está prestigiado no comando da Fazenda. Assumiu interinamente ontem o cargo de secretário da Fazenda o fiscal e adjunto Renato Lacerda. No dia 1º de junho ocorrerá a posse do novo titular, o fiscal Almir Gorges. Naquele dia, ele fará reuniões com o pessoal do gabinete e depois com equipes de cada área. Gorges fez carreira na Secretaria e presidiu o Sindifisco no período entre 2005 e 2007.

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