A delação das delações se confirmou. Odebrecht e Procuradoria-Geral da República começaram a assinar o acordo. Marcelo Odebrecht e mais uma tropa de quase 80 funcionários da empreiteira vão falar e apresentar documentos. Nem com bola de cristal é possível arriscar o que sobrará da República. Como a maratona de depoimentos começará nas próximas semanas e a homologação do acordo pelo ministro Teori Zavascki deve ficar para 2017, o pânico do momento reside nos vazamentos. Eis uma angústia generalizada. No Planalto, a ordem é aguardar, mas as baixas entre ministros são consideradas inevitáveis. O presidente Michel Temer não pode ser investigado por fatos anteriores ao mandato, então, o receio fica nas condições políticas de tocar o governo. No Congresso, onde a assinatura do acordo era considerada inevitável, o assunto foi a anistia do caixa 2. Cresceu a conversa sobre dois tipos de caixa 2, um com recursos lícitos e outro com dinheiro ilícito. Surgiu a ideia de perdoar quem desconhecia a origem do recurso, ou seja, basta apostar no “eu não sabia”. São as reações diante da maior delação da Lava-Jato. Pelos próximos meses, o mundo político viverá, de fato, cada dia com sua agonia.

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Baianos

Advogado de Marcelo Odebrecht, o criminalista Luciano Feldens foi decisivo nas negociações da delação da empreiteira. Feldens virou advogado de confiança de baianos famosos e enrolados. Além de Marcelo, ele já defendeu, com sucesso, Daniel Dantas e Duda Mendonça.

Contrários

Com a articulação da anistia do caixa 2 em ritmo alto na Câmara, planejada por meio de uma emenda de bancada aprovada em votação simbólica, deputados contrários ao perdão buscavam formas de marcar posição. Muitos pretendiam deixar registrado na ata da sessão o “não”.

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Vices

Depois de se lançar como candidato ao governo do Estado, o deputado Jorginho Mello (PR-SC) traça sua estratégia para ampliar as bancadas do PR na Assembleia e na Câmara. Pretende lançar a deputado federal ou estadual todos os vice-prefeitos eleitos pelo partido.

Barrados

Presidente da Ancine, Manoel Rangel foi convidado e desconvidado para a posse do ministro Roberto Freire (Cultura). Nesta quarta, chegou ao Planalto e foi barrado. O governo Temer blindou a cerimônia, impedindo a entrada da imprensa, o que não é usual em posses. Atitude lamentável e autoritária.

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