Apesar das resistências da equipe econômica, o presidente Michel Temer vai tirar da cartola uma fórmula para ajudar os Estados neste final do ano. A reunião marcada com os governadores para a próxima terça-feira não será à toa. Além dos recursos da repatriação – que não são suficientes – o governo poderá usar ainda dinheiro do BNDES para tapar o rombo dos cofres estaduais. Essa será uma solução política. Se de um lado desmoraliza o ajuste fiscal do ministro Henrique Meirelles (Fazenda), de outro tenta esvaziar a ameaça de caos nos Estados. Temer sabe que a governabilidade ainda é frágil:
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– Não adianta ter a federação quebrada. Se os Estados não se viabilizam, quebra todo mundo – argumenta o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil).
Contrariado, Meirelles quer compensações dos governadores. A exigência é que os Estados apresentem planos radicais de ajuste fiscal, incluindo venda de patrimônio, reforma na Previdência e corte nos gastos com a máquina. No caso do Rio, por exemplo, o plano que o governador Luiz Fernando Pezão encaminhou à Assembleia Legislativa não poderia ser mais rigoroso. Mas diante dos escândalos de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral, é praticamente impossível convencer a população a partir para o sacrifício. Já no Rio Grande do Sul, o problema é fruto da incompetência de vários governos, da pressão das corporações e da falta de comprometimento de líderes de diferentes setores da sociedade. Isso explica a má vontade de integrantes da equipe econômica com os Estados em crise. Técnicos argumentam que o Brasil inteiro vai arcar com a falta de juízo fiscal e roubalheira de alguns. Mas Temer não tem outra saída. Se Estados estratégicos como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais fecharem 2016 em convulsão social, o presidente não conseguirá fazer mais nada nos dois anos que faltam para acabar o governo.
Reação
O Ministério do Trabalho vai padronizar o atendimento nas agências do Sine. A promessa é acabar com o apagão de carteiras de trabalho. O ministro Ronaldo Nogueira lança a política nacional no dia 2 de dezembro.
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E o exemplo?
Enquanto Eliseu Padilha (Casa Civil) anuncia que abrirá mão de parte dos vencimentos para se adaptar ao teto do servidor, Osmar Terra (Desenvolvimento Social) está consultando o jurídico. Já o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria Geral) assume logo que não vai abrir mão porque, segundo ele, não há ilegalidade.
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