Até ficar famoso pelas lentes de Anna Paula Petronilho, no fim do ano passado, em uma foto premiada, Adriano era um ilustre desconhecido dos joinvilenses. Desde então, o andarilho que circulava pelas ruas do Centro de Joinville com as vestimentas aos trapos, os cabelos rebeldes e um sorriso sempre no rosto tem sua vida transformada depois de pelo menos 20 anos vivendo nas ruas.
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O novo capítulo começou há 15 dias, quando foi encontrado por Edinaldo do Nascimento caminhando perto da sede do INSS, no Centro. Adriano foi questionado por Edinaldo que atua como coordenador da Casa de Acolhimento Desafio Jovem Shalon, se gostaria de morar na comunidade. Segundo Edinaldo, numa primeira tentativa de convencê-lo, a resposta foi negativa – mas, logo depois, ele aceitou.
– Fazia tempo que eu tentava trazê-lo para morar aqui e, nesse dia, eu conversei com ele e expliquei que cuidaríamos dele – afirma.
Atualmente, Adriano está se adaptando à nova rotina. Na casa, ele tem acompanhamento médico diário. O procedimento daqui em diante inclui a realização de exames médicos para um processo de tratamento que dura nove meses e é dividido em três fases.
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– Estamos trabalhando a primeira fase do tratamento que é a terapia ocupacional por meio da alfabetização. Ele já sabe contar, e está praticando a escrita. As próximas etapas do tratamento incluem exames neurológicos e hemograma. Vamos ainda fazer a documentação dele e procurar contato com a família – explica o coordenador do espaço.
Os exames médicos ainda dirão se Adriano é ou não dependente químico. Para a coordenação da comunidade, resta apenas saber qual é o tipo de dependência, já que eles trabalham com esta hipótese. O coordenador do Centro Pop – Centro Especializado para Pessoas em Situação de Rua, Jucélio Manoel Narciza, no entanto, descartava esta hipótese durante os quatro anos em que o Centro Pop o acompanhou.
– Neste período, não constatamos nenhum indício de que ele pudesse fazer uso de substâncias químicas. O que ele tem é um problema de saúde mental, um tipo de amnésia – afirma Jucélio – Se oferecerem um cigarro ou uma bebida, ele provavelmente aceitará, mas não se recordará disso mais tarde.
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Para Jucélio, é importante verificar como será o tratamento na comunidade terapêutica. Até agora, o Centro Pop vinha monitorando e tentando localizar a família de Adriano. Foram eles que promoverama “transformação”, raspando os cabelos e dando novas roupas ao homem.
Em outubro do ano passado, uma suposta família do andarilho o reconheceu por meio da foto premiada de Anna Paula Petronilho. Até então, o último contato dele com os parentes teria ocorrido há 20 anos.
Neusa dos Santos, que afirmou ser a mãe dele, e a irmã, Raquel dos Santos, 32 anos, vieram a Joinville na época e o encontraram próximo ao rio Cachoeira, mas ele não reconheceu nenhuma delas. Segundo a família, seu nome na verdade seria José Antônio dos Santos, 42 anos, e ele teria desaparecido há 20 anos de Curitiba, sua cidade natal. O caso está sendo avaliado pelo Ministério Público.
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Comunidade auxilia no tratamento de dependentes químicos
Há 30 anos desenvolvendo um trabalho voluntário de recolhimento de moradores de rua na cidade, a Casa de Acolhimento Desafio Jovem Shalon, no bairro Nova Brasília, na zona Oeste de Joinville, já atendeu mais de 100 pessoas durante esse tempo de atuação.
O tratamento oferecido para os dependentes químicos incluem terapias em grupo e atendimentos médicos individuais, com exames neurológicos, hemogramas, e acompanhamento de uma terapeuta ocupacional. De acordo com o coordenador Edinaldo do Nascimento, a Casa tem o apoio de 10 empresas de Joinville, da Fundação 25 de Julho e da Assembleia de Deus.
– Trabalhamos com a reabilitação dos pacientes e sua futura reinserção na comunidade. No novo espaço no Nova Brasília estamos atendendo há 90 dias, e temos uma equipe técnica e espiritual que auxiliam no tratamento – destaca.
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Para quem se interessar em ajudar a comunidade terapêutica, pode entrar em contato por meio dos telefones: (47) 9601-7577/ (47) 8466-0326.
*Esta matéria foi escrita pelo estagiário de jornalismo Rodrigo Guilherme Pereira, como parte de seus estudos de estágio no jornal “A Notícia” onde atua desde julho de 2014. Rodrigo cursa a sétima fase do curso de jornalismo do Bom Jesus/Ielusc.
Contato: rodrigo.guilherme@an.com.br