O andarilho conhecido como Adriano, que circula pelo Centro de Joinville e ficou famoso após ser fotografado por uma estudante joinvilense, passou por uma transformação. Após muitas tentativas de aproximação, uma parceria entre o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), da Secretaria de Assistência Social, e o serviço Consultório de Rua, da Secretaria de Saúde, conseguiu fazer com que Adriano aceitasse ajuda. Identificado pelas vestimentas aos trapos e pelo sorriso, José dos Santos, de 42 anos, ficou quase irreconhecível após receber banho, corte de cabelo, roupas novas e refeição.
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Adriano, ao centro, teve o cabelo cortado, ganhou roupas e comida
Segundo o coordenador interino do Centro Pop, Gilberto da Silva Costa, o andarilho já é um caso bastante conhecido na cidade.
– Ele foi abordado pelo Consultório de Rua durante quatro anos e, sempre muito educado, não se interessou ou aderiu ao serviço – explica.
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Foi um vínculo de amizade que levou Adriano a aceitar, depois de muitas tentativas, a assistência do serviço social.
– Com a ajuda de Geovane, amigo de Adriano e que recebe atendimento no Centro Pop, conseguimos trazer o Adriano para o atendimento – conta Gilberto.
O coordenador acredita que após este primeiro contato, ficará mais fácil ajudá-lo.
– A ação foi uma grande vitória, mas é o primeiro passo para o início de um trabalho. O apoio ao Adriano é uma cobrança da comunidade e queremos dar continuidade a assistência deste homem. Ainda assim, conseguimos restaurar uma pequena parte da dignidade que ele merece – declara.
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Olhando para o par de tênis branco em seus pés e com um largo sorriso no rosto, o andarilho de poucas palavras pronunciou, por fim, um tímido “obrigado”.

Imagem que venceu concurso é da fotógrafa joinvilense Ana Paula Petronilho
Família reconhece Adriano por foto
Em outrubro do ano passado, a família de Adriano o reconheceu por meio de uma foto. O último contato dele com os parentes havia ocorrido 20 anos antes. Neusa dos Santos, a mãe dele, e a filha Raquel dos Santos, 32 anos, vieram a Joinville na época. Encontraram o andarilho perto do rio Cachoeira, mas a cena não teve abraços calorosos. Nem mãe nem irmã foram reconhecidas.
– Perguntamos se ele lembrava de nós, se lembrava de Curitiba. Só respondia “não, senhora”. Sabemos que vai ser difícil essa reaproximação – conta Raquel, a provável irmã.
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A incapacidade de lembrar das pessoas é confirmada pela Assistência Social em Joinville. Os registros indicam que ele esquece dos servidores de um dia para outro, numa espécie de amnésia. Não há evidências de uso de álcool ou drogas.