Um dos casos de violência doméstica que mais repercutiram no ano passado em Joinville terá um desfecho nesta quarta-feira. Bruno Pereira da Silva, de 22 anos, acusado de atear fogo na ex-companheira após uma discussão, ocupará o banco dos réus na sessão do Tribunal do Júri que inicia-se às 9h30, no Fórum de Joinville.
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Ele foi denunciado pelo Ministério Público por tentativa de homicídio qualificado (por motivo fútil, emprego de fogo e por impossibilitar a defesa da vítima).
Bruno ficou preso durante nove meses e foi solto no dia em que deveria ter ocorrido o julgamento, em 26 de novembro do ano passado. A sessão foi adiada por falta de jurados. Porém, o réu acabou sendo preso novamente em janeiro deste ano por outro crime. Bruno é suspeito de participar de um roubo a um bar e foi preso em flagrante portando a arma supostamente utilizada no assalto. Sobre a tentativa de homicídio contra a ex-companheira, ele nega a autoria.
Mulher que teve corpo queimado com álcool fala pela primeira vez
A mulher de 30 anos teve 20% do corpo queimados e ficou 40 dias internada no Hospital São José. Ela falou com exclusividade ao jornal “A Notícia” em janeiro e pediu para ter a identidade preservada. Na entrevista, a vítima contou que o crime aconteceu após uma de muitas discussões que já vinham ocorrendo. Disse que não suportava mais a situação e o mandou embora.
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A discussão se prolongou até que Bruno teria se deitado para dormir e a mulher rasgado o lençol que ele usava para se cobrir.
– Puxei o lençol e acabou abrindo um buraco que já existia. Ele disse: ?Agora tu vai ver o que eu faço contigo. Tô louco pra tacar fogo em alguém?. Eu não levei fé. (Fui para a varanda) quando ele veio com o álcool (e despejou em mim). Me inclinei para o álcool escorrer. Tentei fechar a porta rápido, fiquei tão apavorada por estar molhada de álcool. Ele veio, acendeu o isqueiro e o fogo subiu. Ele disse: “Agora tu vai para o inferno?. Fiquei apavorada com o álcool no meu corpo. Eu estava com uma roupa de manga (que começou a grudar). Me deu uma moleza nas pernas, comecei a tremer, chamei minha filha, pedi socorro – relatou.
Você se reconhece em alguma dessas situações de violência contra a mulher?
Pouco mais de um ano depois, a mulher tenta recuperar o trauma e esconder as marcas deixadas pelo fogo em um dos braços, no peito e nas costas. A vítima e a filha adolescente _ que a salvou ao apagar o fogo _ serão ouvidas no julgamento. Duas testemunhas de acusação e o réu também serão interrogados. A acusação será representada pela promotora de Justiça Amélia Regina da Silva e a defesa, pelo defensor público Vinicius Garcia.