Responsável pelo trabalho da Polícia Civil em 12 municípios do Vale do Itajaí, o delegado regional Rodrigo Marchetti confirma o crescimento da sensação de insegurança em Blumenau. Quarta-feira o Santa contou a história de cinco vítimas da violência na cidade durante os últimos meses e questionou as autoridades.

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Ele reconhece que a Civil atua com menos profissionais do que o necessário, mas aposta na readequação das escalas para otimizar o trabalho das equipes. Marchetti também fala sobre a crise no sistema de execução penal e defende reforma urgente no Código Penal Brasileiro.

Investigar roubos é um desafio em Blumenau?

Sim. Estamos com pouco efetivo e isso é algo que discutimos há tempos. No ano passado tomei a decisão de otimizar o efetivo fechando algumas escalas de plantão porque consumiam muita gente para manter a delegacia aberta com apenas um policial que se limitava a lavrar BO. Isso possibilitou que as delegacias tivessem mais estrutura e efetivo. Hoje tenho agentes à disposição na 1ª e 2ª DPs, mas a DIC (Divisão de Investigação Criminal) está bastante enxuta, com poucos agentes para defender a demanda de Blumenau.

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Há outras maneiras de otimizar o trabalho dos policiais?

A mudança nos plantões foi o que deu pra fazer. Aqui em Blumenau já tivemos quatro divisões de investigações: homicídios, tóxicos, furtos e roubos e uma de capturas. Hoje temos a DIC que atende os crimes de maior repercussão, como homicídios e roubos a bancos e as delegacias de área investigam roubos. Realmente é bastante preocupante a situação. Recentemente pessoas inocentes foram baleadas e isso é prioridade da polícia.

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A polícia está atenta ao novo perfil do criminoso, que não esconde o rosto e age em qualquer horário?

A legislação penal brasileira não intimida mais o bandido. Ele não tem mais medo da lei, nem da polícia. Ele sabe que se ficar preso, vai ser por um dia. Ele foge do sistema penitenciário. Existem questões de defasagem de efetivo, mas é inegável que a criminalidade vem aumentando e as leis brasileiras vão afrouxando mais, deixando o bandido à vontade. Está mais do que na hora de enfrentar o problema de frente. Todo o sistema de execução penal não está funcionando.

O delegado Juraci Darolt afirmou ontem que a situação da 2ª DP é caótica. Há falta de efetivo. O senhor está ciente dessa situação?

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Lá existem cinco agentes à disposição. Se ele opta por deixar apenas um agente na investigação, é opção dele como gestor. Mas não vou lavar roupa suja de polícia em público. Óbvio que existem dificuldades, mas o serviço tem que ser feito da melhor forma possível. A maneira que optamos para gerenciar o efetivo foi essa: reduzir o plantão de BOs e aproveitar o policial para a atividade-fim.

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Há previsão de novas turmas para a Polícia Civil em 2016?

Existe um concurso pronto da Polícia Civil, em torno de 600 policiais de todas as carreiras. A previsão inicial era que a Acadepol (Academia de Polícia Civil) iniciasse em março. Agora a previsão é que até o final do ano a gente receba reforço de efetivo. A última vez que recebemos policiais foi em 2012, quando a região de Blumenau recebeu cerca de 25 agentes. Foi a região que naquela época mais recebeu policiais. Se eu tiver mais efetivo, vamos tentar recriar as divisões.