Os roubos costumam ter características semelhantes: duram alguns minutos, acontecem em qualquer período do dia e os criminosos abordam suas vítimas, na maioria das vezes, de cara limpa. Em Blumenau, os números vêm chamando a atenção.

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Neste ano, um levantamento preliminar feito pelo Santa com base nos relatórios da Polícia Militar aponta 37 registros de roubo até a última segunda-feira.

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Confira os dados abaixo:

Em 2015, de acordo com dados da Polícia Civil, foram 279 roubos a pedestre, 93 assaltos em comércio e outros 33 em residências. O crescimento do roubo a pedestre é o que mais chama a atenção: o número de ocorrências do ano passado – 279 – praticamente duplicou em relação a 2013, quando foram registrados 146 casos.

Esses números, no entanto, podem ser ainda maiores. Até o dobro, estima o professor de Direito Penal da Furb Rodrigo Fernando Novelli. Como muitas vezes as vítimas não registram a ocorrência, por medo ou descrença de que o caso seja solucionado, o poder público não tem acesso aos números reais.

– Uma das formas utilizadas para a realocação dos policiais é o número de registros de ocorrência. Se a pessoa sofre um crime e não registra, chamamos isso de cifra negra da criminalidade – explica o especialista.

Cada número contabilizado pelo setor de estatística da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina conta uma história. São pessoas de diferentes idades, violadas de várias maneiras e vítimas da impunidade, de ofensas verbais ou agressão física, como o dono de um comércio de sucata que levou diversas coronhadas na cabeça enquanto estava sob o poder dos criminosos.

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Duas vezes em cerca de três meses

Um empresário de 33 anos que preferiu não ter seu nome identificado é natural de Ituporanga, cidade catarinense com 24 mil habitantes. Já morou em cidades como Rio de Janeiro, Campinas e Santos, mas foi em Blumenau que vivenciou algumas das experiências mais traumatizantes de sua vida.

Em cerca de três meses esteve nas mãos dos criminosos por duas vezes. Na primeira, no ano passado, teve que dirigir seu carro por cerca de 40 minutos com um revólver apontado para sua cabeça e foi deixado sozinho no meio do mato no Vorstadt sem nenhum de seus pertences. Poucos meses depois entregou o dinheiro do caixa – produto de um dia inteiro de trabalho no mercado – no fim de uma quinta-feira à tarde. Ele diz que a sensação de impotência perante o cenário é crescente:

– Em Blumenau, uma cidade que eu considerava tranquila, tive duas situações muito delicadas, com relação à segurança. Fico até um pouco descrente. Acho que vou ter que me mudar pro meio do mato.

Mesmo com a orientação da Polícia Militar para que as vítimas não reajam, muitas ainda agem por instinto na intenção de salvar seu patrimônio, como é o caso do empresário Jair dos Santos, vítima de roubo ontem em casa. Ele e os dois filhos foram baleados pelos criminosos.

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