Aos 50 anos, Vagner Mancini entende que um bom técnico precisa ser um gestor de pessoas. Há pouco mais de um mês na Chapecoense e com um elenco praticamente novo, composto por vários atletas das categorias da base, ele sabe que o trabalho de treinador precisa ultrapassar a área técnica e envolver aspectos pessoais e psicológicos.

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Embora admita que seja difícil, já que, depois da tragédia na Colômbia, a Chapecoense precisou remontar o time e a equipe técnica, ele pensa em título no Estadual. No Brasileirão, tem como meta manter o bom retrospecto do Verdão e, na Libertadores, planeja passar de fase.

Na hora de montar um bom time, o técnico da Chape não separa ataque de defesa. Por mais que estude os principais treinadores do país e da Europa, garante que não copia ninguém. Para ele, é necessário pincelar as influências, mas ter sua própria maneira de transmitir o conhecimento.

Mancini, técnico da Chapecoense, fala sobre suas inspirações no futebol

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Que característica você considera indispensável para um bom futebol?

A posse de bola. Eu acho que a posse de bola te dá o que um bom time deve ter. Ela te dá a forma de propor o jogo: se você quer botar velocidade, tendo posse de bola você atrai o seu adversário e tem a velocidade. Se você quer ter posse de bola no campo de ataque, você consegue empurrar o seu adversário atrás e, na perda de bola, recuperar porque o seu time está todo à frente. E quando você tem posse de bola, para ter domínio do jogo, pode abrir seu time e fazer com que o adversário tenha que correr atrás e abrir espaço. Então, por isso que eu acho que a posse de bola é o princípio de tudo.

Qual seu perfil de trabalho na hora de montar um time?

Um bom time tem que saber defender e atacar. Quando está encolhido, tem que ter um bom contra-ataque. A hora que ele está à frente, tem que marcar bem e roubar a bola imediatamente. Eu não gosto de enxergar times que só se defendem bem ou só atacam bem. Para você falar que um time é bom, ele tem que fazer as duas coisas e é isso que eu priorizo.

Que características suas devem aparecer nessa nova Chapecoense?

Uma entrega acima dos limites dentro de campo. Nesse último ano que passou, a Chapecoense venceu várias partidas no fim do jogo, então já está meio entranhado na identidade do clube isso. Muitas vezes, quando o jogo não está propício, você tem que tirar da alma algum detalhe que possa fazer a diferença. Então, isso deve aparecer no time, aliado com uma extrema vontade. Também deve aparecer a organização para formar uma equipe que jogue com a força que quer.

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Com um time jovem, com vários atletas vindo da base, o seu trabalho de técnico ultrapassa as quatro linhas?

O técnico hoje é um gestor de pessoas, um gestor de relacionamentos. Ele não pode ficar restrito ao treino. Ele tem que ser pai, tem que ser irmão, tem que ser amigo, tem que ser o cara que cobra, tem que ser um cara tirano. O técnico tem que ser tudo, dependendo do momento e da situação. Ele, como comandante, tem que saber agir de várias maneiras.

Você possui algum time ou técnico que serve de inspiração?

Na minha carreira eu tive vários técnicos que, de certa forma, influenciaram. Não posso dizer que eu copiei ninguém porque a tua essência é a coisa mais bacana e bonita de ser botada em prática. Mas é lógico que eu estudo os times do Mourinho, do Guardiola e de tantos outros técnicos da Europa. Aqui no Brasil também já estudei os maiores técnicos da história, mas volto a dizer que é muito importante você pincelar isso tudo, mas ter a tua maneira de ser, passar o seu conhecimento e usar da tua sabedoria diante do atleta.

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O que esperar da Chapecoense no Estadual?

Eu acho que a Chapecoense tem que pensar no título. É lógico que não vai ser fácil porque a gente tem que remontar não só a equipe, como todo o departamento de futebol, e você leva tempo. A força da Chapecoense era exatamente essa base que passava de ano a ano e agora a gente teve que remontar tudo. Então, embora a gente acredite em um belo ano de trabalho, é necessário dizer que tudo leva tempo.

E em um Brasileirão e na inédita Libertadores, o Mancini tem metas com seu time?

No Brasileirão é fazer, da mesma forma que foi feito em 2015 e 2016, boas campanhas, atingindo sempre a parte de cima da tabela. A Libertadores é um campeonato extremamente difícil. Caímos em uma chave com o campeão argentino, com o campeão uruguaio e uma equipe da Venezuela desconhecida. A gente tem que passar de fase que aí entramos em outro patamar.

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