Com ele não tem essa de se adaptar ao estilo de jogo do adversário. Renê Marques, técnico do Almirante Barroso, é daqueles que gostam de ver o time jogando do seu jeito, impondo o seu próprio ritmo. Estudioso e fã dos perfis táticos de Tite e da humildade na liderança de Cuca, aposta na manutenção de boa parte do elenco campeão da Série B do Catarinense para surpreender na elite do Estadual.

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Aliás, o fato de ter renovado com 15 jogadores do vitorioso elenco de 2016 é tido como a principal – e talvez até única – arma para tentar bater de frente contra os grandes times do futebol barriga-verde. Com uma receita minúscula comparada a clubes que disputam as séries A, B e C do Brasileiro, ter um elenco pra lá de entrosado foi a escolha.

– Era a única maneira que nós tínhamos para fazer uma grande competição. A diferença é muito grande quando você fala dos outros adversários. E essa disparidade é maior ainda quando se fala em dinheiro – garante o treinador, ao defender que a equipe que terá sob seu comando tem uma espinha dorsal formada desde 2015.

Embora saiba que não pode vender para jogadores e torcedores a ideia de que o time brigará exclusivamente para permanecer na Série A do Catarinense, Renê sabe que o desafio, será esse. O retorno à elite, o peso histórico que carrega o nome Almirante Barroso e o fato de representar uma cidade exigente no futebol são fatores que aumentam ainda mais a pressão – independentemente do fato de ser um novato na história recente do futebol.

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– O primeiro peso que tivemos que sustentar foi o retorno ao futebol profissional e a chance que nos foi dada de dar continuidade à história limpa que o Barroso tem. O peso que vamos carregar agora é da permanência na elite e, quem sabe, surpreender os adversários – argumenta.

Consciente de que as diferentes estruturais e orçamentais podem fazer a diferença, Renê quer que seu time comece a todo vapor. No embalo de uma preparação que vem desde o dia 14 de dezembro, o treinador espera que a equipe inicie um pouco à frente que as outras tanto no quesito preparação física, quanto no entrosamento dentro de campo. Um bom desempenho logo na largada – e no primeiro turno de modo geral – é tido como a esperança do alviverde de Itajaí em buscar um algo mais no Estadual e pontos importantes para entrar na briga:

– É a chance do Barroso de reconquistar o seu torcedor. Estamos falando de uma equipe que há quatro décadas não disputava nada profissionalmente e que tem do seu lado o Marcílio Dias. O itajaiense é um amante do futebol, do esporte, mas ele gosta de resultados. Uma grande campanha pode resgatar o torcedor e conquistar novos. É com esse pensamento que nós vamos fazer de tudo para representar bem a cidade.

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Confira a entrevista

Como você avalia o futebol brasileiro nos dias atuais?

Vejo um resgate com a entrada do Tite na Seleção Brasileira. Um ressurgimento do futebol, onde voltamos para o trilho do caminho certo. Não vejo mais aquela coisa de ¿ah, só lá fora é que se sabe jogar futebol¿. Resgatamos tanto o talento individual quando o prazer de jogar com a disciplina tática que um time tem que ter. Acho que o futebol vem em uma evolução. Cada vez mais estão acabando os jogadores de futebol e surgindo os atletas profissionais. E isso vale também para os clubes.

Em quem Renê Marques se espelha?

Lógico que todo mundo busca referência no Tite, que é um cara que conseguiu conquistar o carinho de todo mundo. Mas tenho muita admiração pela maneira de conduzir o elenco do Cuca. Acho que é muito bacana a maneira simples com que ele dirige uma equipe.

Em cima da maneira com que você vê o futebol e seus ídolos, o que esperar do Almirante Barroso para o Catarinense?

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Uma equipe muito aguerrida, que busca muito o bloqueio das jogadas adversárias, muita marcação. Uma equipe que tem paciência com a bola no pé, que sabe que vai enfrentar grandes adversários e que tem trabalhado muito para não perder as oportunidades criadas. A gente vem com o conjunto da terceira competição seguida com a mesma base no elenco. E é nisso que a gente aposta.

Você é daqueles técnicos estudiosos?

Estudo muito. Tenho uma comissão onde cada um tem a sua responsabilidade e acabo administrando o trabalho de cada um deles. Preocupo-me muito com a maneira com a maneira que meu time vai jogar e gosto de impor nosso ritmo com a bola no pé. Se você ficar mudando o jeito de jogar por conta dos adversários, não vai encontrar um padrão de jogo.

Qual o peso histórico do retorno do Almirante Barroso à Série A do Campeonato Catarinense?

O primeiro peso já foi o retorno ao futebol profissional e a chance que nos foi dada de dar continuidade à história limpa que o Barroso tem no futebol. E logo depois disso já conseguimos o acesso e o título, que foram coisas históricas para o time. O peso que nós vamos carregar é da permanência do Barroso na elite do futebol de Santa Catarina e quem sabe surpreender os adversários fazer mais uma grande campanha.

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O que corresponde para um time com menos poderio financeiro manter a base para uma competição como o Estadual?

Era a única maneira que nós tínhamos para fazer uma grande competição. A diferença é muito grande quando você fala dos outros adversários. Em receita é uma disparidade muito grande. A única maneira que tínhamos era essa e foi o caminho que achamos para conseguir subir. Essa mesma base foi mantida e veio com contratações pontuais e é com esse pensamento que nós vamos para a primeira divisão.

Qual o objetivo do Almirante Barroso no Campeonato Catarinense?

A gente não pode vender somente a ideia da permanência na elite. Mas nós sabemos também da realidade. Temos nove grandes jogos no primeiro turno onde o que pode fazer a diferença é a nossa saída na frente na preparação física e o conjunto que nós temos já de duas competições seguidas. Queremos fazer uma grande campanha no primeiro para, quem sabe, brigar lá em cima.

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O futebol de Itajaí sempre foi representado, pelo menos na história recente, pelo Marcílio Dias. Representar a cidade de Itajaí também é uma responsabilidade grande?

É a chance do Barroso de reconquistar o seu torcedor. Estamos falando de uma equipe que há quatro décadas não disputava nada profissionalmente e que tem do seu lado o Marcílio Dias. O itajaiense é um amante do futebol, do esporte, mas ele gosta de resultados. Uma grande campanha pode resgatar o torcedor e conquistar novos. É com esse pensamento que nós vamos fazer de tudo para representar bem a cidade.

Sempre se fala que o Catarinense é o espaço que os jogadores têm para aparecer para clubes grande e tal. Mas, pensando à beira do gramado, o Estadual também é uma grande vitrine para os treinadores?

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Se não é a maior é uma das maiores. Na escolha da continuidade pensei nisso também, de fazer um grande trabalho e quem sabe poder treinar uma equipe em um campeonato de nível melhor do que a gente tem no primeiro semestre. É possível fazer do Campeonato Catarinense uma grande oportunidade.