Ex-relator da CPI dos Táxis, o veredor Tiago Silva (PDT) promete ir agora em busca de esclarecimentos sobre a quadrilha que invadiu os sistemas da prefeitura para cancelar débitos de IPTU e praticou outras irregularidades. Silva quer criar outra Comissão Parlamentar de Investigação para apurar responsáveis e beneficiados pelo esquema.
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Até o momento, o vereador conta com oito assinaturas, que já alcançam o mínimo necessário para protocolar o pedido. Ele disse que vai aguardar a tarde desta terça-feira para ver se mais vereadores querem assinar o requerimento.
– Quem são os beneficiados? Quem os procurou para oferecer os serviços das facilidades? É um golpe milionário, que se assemelha muito com o que aconteceu em São Paulo – disse o vereador, que afirmou também que houve até transferências de terrenos públicos para as mãos de proprietários privados.
A denúncia não é nova. Há uma investigação policial desde o início deste ano. A suspeita é de que haja uma quadrilha que cobraria propina por esse serviço em um mercado paralelo.
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Levantamento preliminar das investigações aponta que os débitos de mais de 150 imóveis teriam sido adulterados por meio desse esquema fraudulento. Mas as últimas informações apontam cerca de 500 operações feitas pela quadrilha no Pró-Cidadão.
Uma dívida de R$ 190 mil poderia sumir , por exemplo, por uma comissão bem menor. Em apenas cinco imóveis, o débito cancelado passava de R$ 1 milhão à época em que foi descoberto o problema, em abril deste ano.
– Há fortes indícios de que seja alguém de dentro. Os beneficiados são empresários, empresas, grandes comércios. Não é pobre. É rico – disse Silva sobre os primeiros encaminhamentos que a CPI deve tomar.
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A investigação policial segue em andamento pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC), que não revela informações sobre o andamento dos trabalhos.
Já a posição da prefeitura de Florianópolis é de que a CPI não teria um objeto que justificasse a investigação pelos vereadores. A assessoria de imprensa municipal disse que os encaminhamentos necessários já teriam sido feitos a pedido da prefeitura, como a investigação policial que está em andamento.
:: Em dez dias e sem férias
Se o vereador conseguir o que quer e criar a CPI, promete trabalhar durante o recesso parlamentar de janeiro na comissão. Disse que os outros membros também se comprometeriam a manter a investigação em andamento durante o período de férias. Silva acredita que conseguirá colocar em andamento os trabalhos em dez dias, apesar do desinteresse da prefeitura em uma nova CPI.
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Sobre o fato de só agora dar início aos trabalhos para criar uma comissão, o vereador alegou que só tomou conhecimento do teor nos últimos dias e que se sensibilizou com o fato de funcionários terem se disposta a denunciar o esquema para veículos de comunicação, apesar de indícios já terem surgido em abril.
Afirmou também que não há nenhuma relação com o projeto de lei que altera os pagamentos de IPTU na Capital, enviado recentemente pela prefeitura à Câmara de Vereadores.
:: No início, tudo apontava para uma quadrilha externa