As fraudes descobertas pela prefeitura de Florianópolis em senhas de acesso aos sistemas de controle do IPTU podem significar a prática de crime contra o patrimônio público. A suspeita é de que, por trás do cancelamento de dívidas, haja uma quadrilha que cobraria propina por esse serviço em um mercado paralelo.

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Levantamento preliminar das investigações aponta que os débitos de mais de 150 imóveis teriam sido adulterados por meio desse esquema fraudulento até agora. Uma dívida de R$ 190 mil poderia sumir , por exemplo, por uma comissão bem menor.

As investigações estão sendo conduzidas pelo setor de Crimes contra a Administração Pública da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic). O delegado Renato Hendges explica que ainda não há um valor consolidado do tamanho da fraude aos cofres públicos, mas afirma que em apenas cinco imóveis, uma dívida de R$ 1 milhão foi cancelada.

– Não tenho dúvida de que alguém recebia para fazer esses cancelamentos. Quem baixa um débito de um valor desse tamanho, é lógico que recebeu uma propina de alguém por isso – afirma.

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O primeiro contato da prefeitura com a polícia para informar a ilegalidade foi feito com Hendges. Ele orientou a administração municipal a oficializar o pedido de investigação da fraude envolvendo 300 senhas da prefeitura que foram canceladas.

O problema foi identificado quando um funcionário do serviço da prefeitura Pró-cidadão foi checar uma operação que tinha realizado anteriormente e identificou que havia várias outras operações que ele não tinha realizado e fora do seu horário de trabalho. Ele avisou seus superiores e a prefeitura foi percebendo que que isso estava acontecendo em outros setores da prefeitura.

Um computador do Pró-cidadão estava contaminado por um vírus espião, que entregou para a quadrilha as senhas de acesso do funcionário e de seu supervisor, que tem que autorizar na mesma máquina do atendimento as operações realizadas. Essa prática pode ter se reproduzido em vários outros computadores da administração municipal.

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Esses acessos ilegais aos sistemas estariam relacionados com o cancelamento das dívidas de diversos imóveis e também em outra modalidade de fraude para evitar o pagamento de impostos. Imóveis eram transferidos para o nome da prefeitura durante determinado período de tempo, o que, no sistema, conferia isenção de impostos durante o período de cobrança. Em seguida, voltavam para o nome dos proprietários, sem ter gerado a dívida correspondente do IPTU.