A Companhia Urbanizadora de Blumenau (URB) anunciou uma série de medidas para tentar reduzir a dívida de R$ 36 milhões nos caixas da empresa. Criada na década de 1970 para realizar obras de manutenção e limpeza na cidade, a companhia opera em déficit há pelo menos cinco anos, segundo auditoria feita a pedido do novo presidente, Emerson Antunes, apresentada ontem. Para sair do vermelho, um plano de redução de custos deve enxugar R$ 4,79 milhões por ano a partir de demissões, reavaliações de gratificações pagas e troca de frota.
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Inicialmente, 70 dos 750 funcionários serão desligados, o que deve resultar em um alívio de R$ 2,3 milhões na folha de pagamento. Entre as demissões, 25 serão de cargos comissionados. Os salários pagos também serão reduzidos a partir de uma reavaliação nos adicionais de insalubridade de pelo menos 160 pessoas e da redefinição dos pagamentos de funções gratificadas. A auditoria mostrou que, em alguns meses, o gasto da companhia com folha chega a 78% da receita.
Apesar da redução na mão de obra, o presidente da URB afirma que os serviços realizados não serão afetados e a demanda continuará a mesma, apenas melhor organizada.
– São medidas impopulares, mas sem elas a URB quebraria e toda a cidade seria afetada. A URB é extremamente necessária para a prefeitura e faz um serviço que qualquer empresa privada não faria com tanta rapidez. O objetivo é conseguir administrar as contas e pagar todo mundo, e isso afeta todos os níveis de trabalho, inclusive diretores – explicou Antunes.
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Também haverá redução dos gastos com aluguel de veículos. Sem investimento em patrimônio, a URB depende da locação de carros e máquinas para realizar as obras. Desde junho, 44 carros que eram alugados foram devolvidos, o que evita despesas de cerca de R$ 104 mil mensais.
A análise da situação financeira da URB foi feita com base em dados a partir de 2002. Mesmo com mais de 40 anos, a empresa não possui registros contábeis anteriores a esse ano.
Órgão é alvo de corrupção há anos, diz ex-presidente
Presidente da URB entre 2013 e maio de 2015, Emerson Vieira afirma que a dívida da empresa não vem somente dos últimos anos, mas desde a década de 90. Após uma auditoria realizada em 2013, durante a sua gestão, Emerson demitiu 120 funcionários, o que fez a dívida do ano aumentar pelas despesas com FGTS e rescisões. Ele explica, porém, que a medida ajudou a reduzir a dívida no longo prazo.
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Para Vieira, a má gestão nos últimos anos culminou nos números negativos.
– A URB passou por anos de corrupção na gestão e o prejuízo acumulado chegou a R$ 44 milhões. Hoje o cenário é diferente, a receita é muito menor e o trabalho realizado também é menor, a empresa recebe menos ordens de serviço do que antes.
O promotor da Moralidade Pública, Gustavo Mereles Ruiz Diaz, lembra que ainda há inquéritos em andamento que investigam contratos celebrados entre a prefeitura e a URB, referentes à prestação de serviços e obras de engenharia civil, inclusive pavimentação.
– Ainda estamos requisitando documentos – conta.
Ajustes não vão tirar a operação do vermelho
Mesmo com os cortes previstos, a operação mensal da URB não deve sair do vermelho, diz o presidente Emerson Antunes. Para balancear a receita, o próximo passo da companhia é buscar novos contratos de trabalho e aumentar a entrada de dinheiro. Somente nos cinco primeiros meses de 2015, a dívida acumulada pela operação é de R$ 2 milhões.
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– Operando no negativo todo mês, além de não pagar os próprios custos não sobra dinheiro para pagar o passado. De imediato precisamos passar a operar no azul, com reduções e novos contratos firmados já nos próximos 90 dias que vão nos dar alguma margem para começar a pagar as dívidas.
Na presidência da URB desde junho deste ano, Antunes contou que pouco mudou no balanço financeiro da companhia nos últimos anos, mesmo com um plano de redução de custos anunciado pela diretoria anterior em 2013 e um refinanciamento das dívidas.
– A crise financeira é ponto fundamental, estamos pagando mais juros e os nossos clientes têm menos dinheiro para obras. A própria prefeitura teve que segurar gastos com manutenção em meio ao cenário econômico que vivemos.
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Principal cliente da URB, além de pagar os serviços contratados a prefeitura de Blumenau faz aportes financeiros à companhia. Desde 2002, R$ 11 milhões foram depositados nos cofres da URB, em parcelas cada vez menores de acordo com os dados da auditoria. Em 2008, por exemplo, mais de R$ 3 milhões foram registrados. No ano passado o valor foi de apenas R$ 500 mil.

