Um Estado multifacetado como Santa Catarina, com divisões regionais bem-definidas e cidades-polo que funcionam como verdadeiras capitais, poucas vezes tem a chance de olhar para si como uma unidade. A pesquisa Mapa contratada pelo Grupo RBS e divulgada durante a semana que passou é uma dessas raras oportunidades em que o catarinense pode se ver no espelho. Afinal, quem é o catarinense?

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As escolhas políticas sempre deram indícios para responder esse tipo de pergunta. O catarinense é conservador, rejeita mudanças abruptas e tende a optar por agrupamentos políticos de centro-direita – mesmo que isso leve a polarizações acirradas entre representantes de graus diversos de conservadorismo.

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A pesquisa Mapa mostra que o perfil de político procurado pelo eleitor catarinense encaixa com o de políticos mais conservadores. Um nome de meia idade, com origem na classe média, de família tradicional, com ensino superior, tendo experiência em cargo públicos, mas também trabalhado na iniciativa privada, essa pessoa teria boas chances nas urnas do Estado. É o que diz a pesquisa, é também o que mostra a história política de Santa Catarina.

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O cenário conflagrado da política nacional e a constatação óbvia que de que a corrupção permeia o sistema eleitoral e administrativo tem peso, é claro. Quase um terço do catarinenses que responderam à pesquisa querem votar em alguém novo na política. Metade diz que poderia escolher um novato, mesmo que pouco conhecido.

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Não é muito, mas pode ser um embrião de renovação que tende a ser reforçado não apenas pelos efeitos da Operação Lava-Jato e outros escândalos menores ou menos badalados, mas também por um fim de ciclo geracional na política catarinense. Na pesquisa Mapa, o catarinense deu a dica a partidos e lideranças sobre o que espera delas. Em outubro veremos quem fez a lição de casa.

Pela culatra

Desde a eleição de 2012, a ideia de lançar um empresário como candidato a prefeito tem sido utilizada pelos partidos como antídoto à crescente descrença da população com a classe política. A fórmula deu certo em Joinville, com a vitória de Udo Döhler (PMDB). Para as disputas deste ano, algumas legendas tentaram fazer movimentações nesse sentido. O PSD de Blumenau, por exemplo, chegou a filiar o empresário Ronaldo Baumgarten, que não será candidato. Em Itajaí, o PSB tenta convencer Edésio da Silva, presidente da Associação Empresarial da cidade, a concorrer.

É interessante constatar que os números da pesquisa Mapa não dão esse respaldo todo à ideia do candidato-empresário. Embora na média geral, 46% dos entrevistados considerem imprescindível ou desejável que o candidato seja um empresário, essa aceitação é menor em regiões de forte industralização. No Vale, por exemplo, 42% não querem nomes com esse perfil. E é no Norte, do joinvilense Udo Döhler, a maior rejeição ao político-empresário: 48% dos entrevistas.

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