Era março de 1986 quando dois catarinenses com origem na cidade de Pomerode, um deles por nascimento e o outro por construção de vida, ingressaram nos quadros da Secretaria Estadual da Fazenda como servidores efetivos. Os novos fazendários foram lotados na gerência regional de Blumenau, mas não ficariam muito tempo por lá. A década de 1990 faria com que ambos dessem início a uma carreira política de sucesso.

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Era outubro de 2014 e dois nomes eram ausências gritantes na eleição. Barrados pela Lei da Ficha Limpa, o deputado estadual Gilmar Knaesel (PSDB) e o deputado federal João Pizzolatti (PP) não poderiam renovar uma dobradinha que vinha se repetindo desde 1994. Foram cinco eleições consecutivas em que a dupla de fazendários de Pomerode conquistou cadeiras na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.

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É junho de 2016. Questionamentos semelhantes aos que barraram Knaesel nas urnas — condenações no Tribunal de Contas do Estado por irregularidades na gestão de fundos estaduais durante o período em que ocupou o comando da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte, no governo Luiz Henrique da Silveira (PMDB) — motivaram a operação policial que prendeu o ex-parlamentar na noite de segunda-feira. A Operação Bola Murcha tenta desvendar a suposta relação promíscua entre políticos e ONGs no repasses de subvenções sociais. Mais detalhes devem surgir ao longo das investigações, o tucano deve apresentar suas justificativas, etc. Certo é que dificilmente sobrevive politicamente a mais este golpe.

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Assim como a gênese da carreira política, o ocaso de Knaesel tem paralelo com o do ex-colega de urna João Pizzolatti. Abrigado desde o início de 2015 em uma secretaria aleatória no governo de Roraima para garantir algum foro privilegiado, o pepista é alvo de cinco inquéritos da Operação Lava-Jato e já foi denunciado pelo Ministério Público Federal em um deles. É acusado de receber e intermediar propinas entre os deputados do PP que integravam o esquema descortinado pela Polícia Federal na Petrobras.

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Há cinco anos, no auge do poder político, Knaesel e Pizzolatti eram intocáveis. Hoje, são uma sombra dos políticos que foram, cheios de explicações a dar à Justiça. A República Fazendária de Pomerode desmorona diante de um novo país.

PSD do B

Com uma carta aos filiados do PSB de Florianópolis, o empresário Gualtiero Piccolli declarou apoio ao ex-secretário estadual Murilo Flores como pré-candidato a prefeito da Capital. Promete engajar seu grupo no projeto do correligionário. Flores quer conversar com legendas de centro-esquerda para alianças e é uma espécie de plano B do governador Raimundo Colombo (PSD) em Florianópolis. Aliás, falta ao governador um plano A desde que o prefeito Cesar Junior (PSD) desistiu da reeleição.