A amostra de menos de duas semanas do governo provisório de Michel Temer (PMDB) não arrancou entusiasmo do governador catarinense Raimundo Colombo (PSD). A avaliação do pessedista é que o presidente interino apostou todas as fichas na área econômica capitaneada por Henrique Meirelles (PSD), ministro da Fazenda, mas que completou sua equipe com ¿mais do mesmo¿.
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Coincidência ou não, o escândalo do dia dava razão a Colombo. O vazamento das conversas em que Romero Jucá (PMDB-RR) sugeria em março a substituição de Dilma Rousseff (PT) por Temer na presidência como forma de ¿estancar essa sangria¿ do meio político causada pela Operação Lava-Jato deixou ainda mais frágil uma gestão que precisa se legitimar no dia a dia e em ações que lhe deem respaldo da opinião pública. Um governo que depende da construção da própria imagem para continuar sendo governo.
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Nesse contexto, o ¿mais do mesmo¿ afeta diretamente o governo paralelo de Meirelles. Seria realizado hoje o anúncio das medidas econômicas para combater a crise econômica. Colombo defende que reformas estruturais, como a da previdência, sejam votadas imediatamente, com a suspensão do recesso parlamentar. Diz que ¿não há opção¿, mesmo com a fragilidade política do governo. Pela amostra do governo provisório, talvez fique apenas na expectativa.
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O catarinense também está à espera de alguma sinalização em relação às dívidas dos Estados. Os governadores mais endividados – Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais – conseguiram emplacar a ideia de que a moratória do pagamento das parcelas por um ano deve ser pré-requisito para a renegociação. Garantido esse alívio, teriam o ano inteiro para discutir descontos no valor total da dívida, formas de correção, juro simples, juro composto. Venceu o desespero.
Inicialmente refratário à ideia, o governo Temer dá sinais de que deve admitir essa espécie de moratória. O custo da medida já estaria contabilizado na nova meta fiscal anunciada de 170 bilhões de déficit, a ser votada pelo parlamento. Quem sabe Colombo fique mais empolgado se esse alívio nas contas se concretizar.
Nada dura
Com Romero Jucá deixando o Ministério do Planejamento pela porta dos fundos e voltando ao Senado, talvez seja o caso de recomeçar a fazer as projeções dos 54 votos necessários para tornar definitivo o afastamento de Dilma Rousseff (PT) da presidência da República. De tédio a política nacional não nos mata.
Dilema
Alguns militantes vão ter que definir em assembleia se a Operação Lava-Jato é parte do suposto golpe ou se o suposto golpe foi dado contra a Operação Lava-Jato.
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Entre peemedebistas
Vai para o Vale do Itajaí o primeiro repasse financeiro do novo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. Serão R$ 1,2 milhão destinados à construção da agência do INSS em Ituporanga, base do deputado federal Rogério Peninha Mendonça (PMDB). O parlamentar recebeu a confirmação ontem, após audiência com o ministro Osmar Terra (PMDB-RS).