Um cenário que soma crise econômica e descrédito quase generalizado da classe política deve ter um efeito incomum nas eleições de outubro. Desde que foi permitida a reeleição para os cargos executivos, ter a máquina na mão foi um diferencial que tornava muito difícil vencer um prefeito que buscava renovar o mandato por mais quatro anos. Desta vez, a expectativa é inversa.

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Em meio a dificuldades, prefeitos de Joinville, Florianópolis e Blumenau enfrentam desafio da reeleição

Um rápido olhar sobre as três principais cidades de Santa Catarina mostra o quanto o cenário do favoritismo dos prefeitos candidatos a reeleição pode estar virando coisa do passado. Udo Dohler (PMDB-Joinville), Cesar Souza Junior (PSD-Florianópolis) e Napoleão Bernardes (PSDB-Blumenau) têm diferentes partidos, perfis e origens, mas têm em comum indíces de avaliação em pesquisas internas que preocupam correligionários, aliados e marqueteiros.

O trio enfrentou dificuldades em seus quatro anos iniciais. Seja pelos problemas de arrecadação gerados pela crise econômica, pela dificuldade de colocar em prática as promessas que pareciam tão viáveis no horário eleitoral, pelas bases políticas arredias e pela coincidência de serem os três novatos em administração pública. Mas a dificuldade vai além dos limites de seus municípios. Em janeiro, o Ibope foi a campo e descobriu que apenas 22% dos brasileiros pretendem reeleger seus prefeitos. Outros 40% dizem que vão de oposição. É a contaminação de um cenário político marcado por escândalos, temperado pelas dificuldades locais e pessoais de gestão. São números que embasam a ideia de que vem por aí um verdadeiro prefeiticídio pelo país.

A situação mais emblemática, hoje, é a do prefeito de Florianópolis. Nas rodas políticas, é dado como certo que ele vai abrir mão de disputar a reeleição – em uma costura que levaria o PSD a apoiar a ex-prefeita Angela Amin (PP). Nesse caso, não é o simples desgaste de Cesar Junior que leva à situação, mas o jogo político de olho em 2018. Udo e Napoleão estão certos no páreo. Tentam manter aliados, apostam no horário eleitoral e no pouco tempo de campanha para reverter a impressão de que pouco fizeram. Apostam, ainda, em outro efeito colateral do desgaste da classe: os adversários também são políticos.

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Pediu, não levou

Negue-se tudo aos setores mais corporativos do Poder Judiciário, menos a criatividade. A Associação dos Magistrados Catarinenses requereu ao Tribunal de Justiça a criação do benefício auxílio-creche para juízes e desembargadores, no valor de R$ 632 mensais. Como criatividade nunca é demais, foi solicitado também o pagamento retroativo a 1988.

O pedido foi negado pelo presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador José Antônio Torres Marques. A decisão não teve como base o mérito do pedido da AMC, mas seus efeitos financeiros. ¿Em razão da atual conjuntura econômica e financeira desfavorável, agravada pela diminuição dos recursos públicos repassados ao Poder Judiciário, torna-se inviável o acolhimento do pedido formulado pela associação¿, diz Torres Marques em seu despacho.

Não é demais lembrar que, em épocas mais afortunadas, os magistrados já receberam retroativos de auxílio-moradia e de auxílio-alimentação. Por enquanto, a fonte secou.