Até o anúncio e a posse dos novos ministros, os efeitos do governo liderado pelo presidente em exercício Michel Temer (PMDB) sobre a política e a vida catarinenses ficavam limitados às constatações de que o PMDB-SC ganharia mais poder de fogo na ocupação dos cargos federais no Estado e na interlocução com Palácio do Planalto. Em resumo, é possível que o governador Raimundo Colombo (PSD) tenha de pagar o pedágio peemedebista para chegar a Temer.

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A configuração do novo ministério, empossado na quinta-feira, ajuda a destrinchar melhor os efeitos desse novo governo sobre o Estado. A confirmação de Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda, por exemplo, tem significados múltiplos. O primeiro deles, obviamente, é a discussão sobre a renegociação da dívida dos Estados. Santa Catarina é autor da ação que questiona os juros compostos no recálculo dessas dívidas, na qual o Supremo Tribunal Federal determinou que a União e os Estados façam uma discussão visando entendimento. Meirelles e Colombo estarão na mesa em lados diferentes – mas o ministro já avisou que considera um fato a ser equacionado a dificuldade dos Estados para manter em dia as parcelas.

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Além da dívida, Meirelles integra o PSD e construiu boa relação com Colombo. Pode vir a ser o caminho alternativo ao PMDB local na agilização dos pleitos junto ao Planalto. Assim como Gilberto Kassab (PSD), que agora comanda a pasta de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações. Aliás, Kassab ter perdido o Ministério das Cidades que ocupou durante o segundo mandato da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) para o tucano Bruno Araújo é um problema a mais para o prefeito de Florianópolis, Cesar Junior (PSD). Ser o único prefeito do PSD em capitais mantinha abertas portas em uma pasta vital para as obras de mobilidade urbana com que ele esperava pavimentar a reeleição.

Outras escolhas de Temer para o ministério também dão margem a mudanças em ações e cargos do governo federal no Estado. O PR do deputado federal Jorginho Mello manteve a pasta de Transportes, agora ocupada pelo também deputado Maurício Quintella. Deve manter o comando do DNIT estadual, mas também exercer maior influência sobre portos e aeroportos – áreas incorporadas pelo ministério.

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Essas conversas devem ganhar corpo na próxima semana, quando o governo provisório de Temer começa efetivamente a tocar a máquina burocrática federal. Enquanto isso, no parlamento, nas ruas e nas redes sociais, petistas e simpatizantes vão tentar manter acesa a ideia de ilegitimidade do mandato-tampão do vice-presidente. Será a trilha sonora da época.

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