Quando se trata de política nacional, Brasília é o grande centro irradiador de tendências. Foi lá, neste processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), que se consolidou a soma dos fatores impopularidade, esfacelamento da base política e indícios de irregularidade como fórmula para afastar um governante do cargo.

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Criada a moda, ela começa a fazer efeitos país afora. Em Santa Catarina, os prefeitos de Florianópolis e Joinville enfrentam CPIs que seguem, de certa forma, essa tendência. Na terça-feira, o relatório final da CPI dos Radares, da Câmara da Capital, pediu a cassação de Cesar Souza Junior (PSD).

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O caso remonta à Operação Ave de Rapina, deflagrada no final de 2014, com diversos ramos de investigação. O mais consistente tratava de um suposto esquema de propinas para efetivação de um aditivo de contrato do sistema de radares na cidade. Na Justiça, o caso tem como réu, acusado de ser o principal operador, o vereador Cesar Faria (PSD) — recentemente absolvido pela mesma Câmara do processo de cassação por quebra de decoro no mesmo episódio. O prefeito não é réu no caso. Dos cinco integrantes da comissão, nenhum era governista — comprovando o esfacelamento total da base de apoio. Não é à toa que Cesar Junior já anunciou que não concorre à reeleição.

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Em Joinville, Udo Döhler (PMDB) também enfrentará uma CPI. Articulada de fora para dentro por dois possíveis adversários em outubro — o deputado estadual Darci de Matos (PSD) e o deputado federal Marco Tebaldi (PSDB) — a comissão quer saber se o prefeito praticou pedaladas fiscais ao atrasar repasses para o fundo de previdência municipal. O peemedebista mostrou que ainda tem força política ao conseguir formar maioria dentro da CPI, Ano passado, Döhler conseguiu evitar a abertura de uma comissão processante na Câmara em que seria acusado de ignorar decisões judiciais ligadas à saúde.

Em plano estadual, o governador Raimundo Colombo (PSD) parece livre da moda. Relatório técnico do Tribunal de Contas apontou irregularidades em repasses da Celesc para o Fundo Social, caracterizando como doações o que seriam créditos tributários e com isso reduzindo repasses aos municípios e poderes. Uma pedaladinha que poderia dar dor de cabeça ao governador, se ele preenchesse os outros dois itens da fórmula brasiliense: nada aponta queda brusca em sua popularidade e apenas sete dos 40 deputados estaduais podem ser classificados como opositores. E, mesmo assim, é difícil juntar esses sete parlamentares na mesma sala.