Construir um centro de convenções e um mercado público são planos importantes para o turismo de Blumenau. Diante do indicativo da Secretaria de Turismo de que não há condições – financeiras, especialmente – de tocar os dois projetos juntos, não há consenso sobre qual deles deve sair primeiro do papel, ainda que o centro de convenções pese um pouco mais na balança.

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Enquanto a infraestrutura com auditório possibilitaria a atração de mais eventos de médio porte – filão que a cidade entende ter condições de abocanhar – e a injeção de dinheiro na economia, o mercado traria benefício direto à população e se tornaria novo ponto turístico.

A bola dividida para a Secretaria de Turismo surgiu ano passado quando o mercado público não foi contemplado com a verba prometida pelo Ministério do Turismo, explica o secretário Ricardo Stodieck. Ele diz que a obra havia sido elencada como prioridade da pasta municipal porque já tem projeto pronto e estaria, em tese, com dinheiro praticamente certo.

O secretário conta que o governo federal havia se comprometido com o repasse da verba em outubro de 2012, quando o então ministro Gastão Vieira participou da abertura da Oktoberfest.

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Sem os R$ 11 milhões necessários para que a feira livre dê espaço à nova estrutura, a secretaria vai discutir com empresários, entidades de classe e Conselho Municipal de Turismo qual, então, é a prioridade para o município. O debate deve começar quando o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Furb concluir o projeto do novo Distrito Turístico, o que deve ocorrer em maio.

– O que precisamos fazer é algo com começo, meio e fim. Unficar o discurso é importante para isso – considera Stodieck.

Entre a estrutura para congressos e o mercado, a primeira deve ser prioridade, mas sem deixar o mercado público de lado, opina Ivana Maria Schmitt Pedreira, professora e coordenadora do curso de Turismo e Lazer da Furb.

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Ivana explica que um espaço para feira e restaurante será um importante atrativo tanto para os moradores quanto para quem visita a cidade, sendo uma vitrine da cultura local sem fantasias caricatas. Porém, ela ressalta que a infraestrutura para feiras trará movimentação econômica significativa, explorando o potencial que a cidade tem para o turismo.

– O turista que vem para eventos vai gastar com hotel, restaurante, comércio e serviços. É um valor que vai ser revertido em emprego e mais renda. É uma cadeia produtiva acaba indo para os bairros, onde geralmente o turista não vai – estima Ivana.

Mercado público é uma dívida com a população

Erguer o mercado público quitaria uma dívida antiga com a população blumenauense, diz o professor de Políticas Públicas do mestrado em Desenvolvimento Regional da Furb, Oklinger Mantovaneli Junior. Desde que a antiga sede na rua 7 de Setembro foi demolida, não houve substituto.

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O investimento na construção do Parque Vila Germânica justificaria colocar o centro de convenções, temporariamente, em segundo lugar nas prioridades. Mantovaneli observa que é preciso planejamento para os dois projetos saírem do papel:

– O fundamental é que a decisão do que vai ser investido seja tomada em conjunto com todos os atores, incluindo a população.

Entenda o caso:

Mercado Público

2005

– É anunciada a reforma da Proeb (atual Parque Vila Germânica), com projeto de um mercado público onde hoje é a Feira Livre da Proeb.

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2006

– Com a entrega da Vila Germânica o projeto do mercado é reiterado, mas sem previsão de obras.

2007

– Em julho a prefeitura lança concurso para escolher o projeto do novo espaço. Previsão de obras é para 2008. Em setembro a vencedora (Terra Arquitetura e Planejamento)

é divulgada, mas não há

novos prazos.

2008

– Após a tragédia de novembro qualquer previsão de início das obras é descartada.

2010

– Governo volta a buscar recursos.

2011

– Prefeitura divulga intenção de licitar a obra, mas projeto não avança.

2013

– Projeto é cadastrado no Ministério do Turismo com um custo total orçado em R$ 11 milhões, mas não é contemplado.

Centro de convenções

– O centro de convenções está previsto no Distrito Turístico da Vila Germânica, projeto concebido junto à construção do parque, em 2006. Chegou-se a cogitar que fosse erguido pela iniciativa privada junto a um hotel, também projetado inicialmente no distrito, mas não chegou a se concretizar.

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