A segunda sessão da assembleia desta quinta-feira confirmou o que já havia sido votado durante a manhã. Unânimes, os trabalhadores que operam o transporte público em Blumenau acataram ao indicativo de greve. A paralisação só será descartada caso a convenção trabalhista da categoria seja assinada em 72 horas. Se o acordo da data-base não se resolver neste período, o presidente do sindicato da classe (Sindetranscol), Ari Germer, adianta que o serviço será suspenso por tempo indeterminado na cidade. O aviso de greve foi protocolado às 17h desta quinta, então as 72h vencem no fim da tarde de domingo. No entanto, Germer diz que a possível greve deve começar somente na segunda-feira.
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– É só a Glória que não quer assinar, ou seja, é a própria prefeitura. A jornada de 7 horas diárias é um acordo feito no dissídio de 2007. Só queremos que esse direito conste na convenção. Não sabemos qual é a intenção e nem entendemos qual é o objetivo do poder público com isso – critica o assessor jurídico do Sindetranscol, Léo Bittencourt.
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Germer explica que os trabalhadores discordam de um dos itens previstos na convenção coletiva de trabalho da classe. O documento, que seria assinado na semana passada, segue em negociação após o impasse.
– Estava tudo certo. Apresentamos a proposta semana passada, redigimos e acertamos tudo na convenção. Nós (do sindicato) assinamos e encaminhamos para as empresas. Rodovel, Verde Vale e Glória concordaram e na segunda-feira, quando o documento foi enviado para o (sindicato) patronal, fomos surpreendidos porque a Nossa Senhora da Glória e o Siga não quiseram mais assinar – afirma.
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Ainda segundo o presidente do Sindetranscol, a carga horária dos trabalhadores – que desde 2007 é de 42 horas semanais – foi questionada pelas interventores das empresas, Sérgio Chisté e Jardel Rangel.
– Eles querem colocar pra 44 horas semanais e nós não vamos aceitar isso – adiantou o presidente.
Entenda o caso:
– Durante o ano o transporte público em Blumenau teve seis paralisações. Em fevereiro, motivada pela falta de segurança, e nos meses de junho, julho, agosto, setembro e novembro pelo atraso no pagamento do salário ou vale-refeição.
– Após a intervenção por parte da prefeitura no Consórcio Siga e na Empresa Nossa Senhora da Glória, os salários e os vales foram pagos em novembro. Agora a ameaça de greve se dá por outro motivo: o desentendimento na negociação da convenção coletiva dos servidores para o ano que vem. O sindicato também cita a falta de segurança nos terminais. Por conta do não pagamento e seguidos atrasos, a empresa terceirizada que fornece vigilantes para os terminais de ônibus parou de trabalhar na segunda-feira à noite. O serviço era uma das medidas adotadas pelo Seterb para pôr fim à greve de fevereiro.
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– Depois de tradicionalmente fazer um acordo coletivo entre as empresas e o Seterb, o Sindetranscol decidiu esse ano levar a negociação da data-base para o sindicato patronal da classe, em Florianópolis, e formalizar uma convenção coletiva. A decisão se deu, segundo o sindicato, pela insegurança com o Siga e com a prefeitura. Em caso de uma possível mudança no consórcio e ruptura de contratos, uma convenção coletiva continuaria valendo, ao contrário do acordo.
– Segundo o Sindetranscol, Siga e Glória teriam retirado a assinatura da convenção por não concordarem com a carga horária atual de 42 horas semanais para os motoristas e cobradores. Os interventores teriam pedido uma carga de 44 horas.