Três mortes em sete meses e meio. Esse é o balanço até o momento na serra da Vila Itoupava. O trecho tem 1,8 quilômetro e acumula 42,8% dos óbitos registrados neste ano na área de responsabilidade da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) de Blumenau, que cuida de aproximadamente 47,7 quilômetros da SC-108. O número corresponde ao total registrado em 2017 inteiro no mesmo perímetro. Em menos de 2 mil metros, o total de acidentes, até a noite de quinta-feira, era de 25 e o número de feridos chegou a 15.

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Cansados de contar as vítimas pelas janelas de casa, os moradores que vivem às margens da rodovia decidiram agir. As mortes das irmãs Doroti e Dorly Bieging, aos 51 e 52 anos, respectivamente, foram a gota d’água, conta Jonathan Pahl. No dia 2 de junho, um sábado, às 14h, o trajeto que era comum para as professoras teve um fim trágico. Elas estavam em um Chevrolet Celta que colidiu contra um caminhão-baú, com placas de Porto Alegre. Perderam a vida ainda no local, na altura do km 67,9, a 600 metros de onde houve o primeiro acidente com vítima fatal do ano.

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As reivindicações da comunidade chegaram às autoridades e aos poucos as mudanças são percebidas. A sinalização é nova. A via ganhou faixas realçadas na pista, mais placas nos acostamentos e uma roçada no mato, que por vezes encobre as orientações aos motoristas.

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– O número de acidentes reduziu drasticamente depois das mudanças, mas claro que ainda tem coisa para se fazer – afirma Pahl.

A pedido da reportagem, a engenheira civil e professora universitária Angélica Gris Crestani, que trabalha há 10 anos com construção de vias, percorreu a serra. Para ela, as condições do trecho não são ruins, mas há pontos que podem ser aprimorados, como a recuperação do asfalto em locais específicos.

– A sinalização é um instrumento fácil e barato para minimizar o problema e dar segurança aos usuários da rodovia – complementa, ao defender que ainda é possível melhorar.

O comandante do 13o Grupo da PMRv de Blumenau, Nildo Pasta, diz que o percurso nunca esteve tão bem sinalizado. Mas para outros moradores isso não é suficiente. Lombadas físicas são apontadas como a melhor alternativa por Lucas Kreff, 53 anos. Ele reside no fim da serra, no sentido a Massaranduba, e conta que viu muitos acidentes que mataram ou deixaram pessoas conhecidas com sequelas.

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– Antes tinha fiscalização eletrônica. Os motoristas nem davam bola. Agora (com as lombadas físicas) não tem outra opção. Eles têm que reduzir a velocidade. Pronto, não tem mais morte aqui.