Três mortes em sete meses e meio. Esse é o balanço até o momento na serra da Vila Itoupava. O trecho tem 1,8 quilômetro e acumula 42,8% dos óbitos registrados neste ano na área de responsabilidade da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) de Blumenau, que cuida de aproximadamente 47,7 quilômetros da SC-108. O número corresponde ao total registrado em 2017 inteiro no mesmo perímetro. Em menos de 2 mil metros, o total de acidentes, até a noite de quinta-feira, era de 25 e o número de feridos chegou a 15.

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A sinalização ganhou reforço após os acidentes e para Roberto Kritzke, 47, toda melhoria é importante, mas o cuidado e o respeito do motorista são fundamentais para evitar novos acidentes.

– Muitos motoristas chegam a dar luz alta para o condutor quando ele anda na velocidade indicada – conta o pedreiro.

O comandante Pasta confirma que esse é o maior problema.

– Eles passam da frente do posto e embalam para subir a serra. Como é um local com muitas curvas, acabam se perdendo e atingindo quem vem no sentido contrário – explica.

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Para complementar a segurança, a comunidade conta com a fiscalização. Ilka e Luiz Imthurn se mostram satisfeitos ao saírem de casa e encontrarem na rodovia a presença dos policiais. O que eles não sabem é que os dois agentes às margens da SC-108 são os únicos atuando naquele dia para cuidar de mais de 200 quilômetros, que estão sob a responsabilidade do 13o grupo.

A área corresponde a Blumenau e mais 12 cidades da região. Com tantos municípios para zelar, fica inviável empregar os policiais em fiscalização. Pasta exemplifica a situação com os registros da última terça-feira:

– Tivemos nove acidentes em 12 horas, em Timbó, Massaranduba, Doutor Pedrinho. Imagina o tempo de deslocamento. A fiscalização é quase zero – afirma ele, ao pontar que seriam necessários ao menos mais quatro profissionais para prestar um melhor atendimento.

Desativadas em 2014 por problemas judiciais, as lombadas eletrônicas fazem falta. Primeiro por funcionarem 24h por dia, e segundo por não necessitar de policiais presencialmente nos pontos de fiscalização. Elas tinham papel importante em pontos críticos da SC-108, que tem grande fluxo de veículos e de pedestres. Assim, muitos atropelamentos eram evitados.

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Enquanto a volta do serviço não é definida, a alternativa encontrada foi a implantação de nove pontos de monitoramento com radar móvel. Eles ficarão entre os Km 63,4 e 69,5. Os locais foram escolhidos pelo elevado número de vítimas fatais. Os trechos que eram de 60 km/h passaram para 40 km/h e os de 80 km/h para 60 km/h. A sinalização alertando os condutores já está implantada. Falta a validação para que comece o trabalho dos agentes, o que deve ocorrer nos próximos 45 dias.

– Estão se matando aí nas estradas por causa de alta velocidade, gente bêbada, mas vamos crer, vai melhorar – deseja Luiz Imthurn, morador da Vila Itoupava.

Embora seja uma das melhores alternativas vistas por quem atua diariamente no trânsito para coibir excesso de velocidade, um dos principais geradores de acidentes graves, a fiscalização enfrenta outro desafio. Os policiais contam que as operações surtem efeito apenas nos primeiros minutos. Depois, os condutores estão avisados da presença dos agentes na pista, seja via rede social ou com os sinais de luz trocados entre os motoristas.