Com experiência de quatro anos de atuação na Fronteira do Brasil com o Uruguai, em Santana do Livramento, o atual chefe da Interpol no Brasil, delegado Luiz Eduardo Navajas, disse a Zero Hora que o controle da entrada dos barrabravas no país será rigoroso. Segundo ele, nenhum dos 2,1 mil nomes enviados pela Argentina às forças de segurança brasileiras vai passar.
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– A ordem é bem clara para todos (barrabravas que vierem ao Brasil): serão deportados ou repatriados. Nós temos o direito de não permitir o ingresso de uma pessoa no país se for inconveniente.
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Na véspera da abertura da Copa do Mundo em São Paulo, o chefe da Interpol explicou também que não há maiores preocupações com relação aos hooligans, já que na Europa os passaportes deles são confiscados durante a Copa do Mundo, sob pena de terem a prisão decretada.
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida a Zero Hora:
– Existe algum abuso na lista de barrabravas impedidos de vir à Copa?
– Para o Brasil, o que importa é a lista que o governo da Argentina nos enviou oficialmente. Eles mantêm um cadastro de pessoas banidas de entrar em estádios locais e, segundo um acordo de cooperação do Mercosul sobre segurança em eventos, pedimos a inclusão no nosso sistema. Além disso, nenhum país do mundo é obrigado a aceitar estrangeiros. Se a presença não for conveniente, não permitiremos a entrada.
– Todos os 2,1 mil nomes da lista estão nessa situação?
– Sim. Eles ingressaram, inclusive, com uma medida judicial para que a lista não viesse ao Brasil e perderam. Para nós, é uma situação tranquila no aspecto legal. A ordem é bem clara para todos: serão deportados ou repatriados.
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– Como é feito o controle migratório dos estrangeiros?
– Existe um sistema chamado Sinpi – Sistema Nacional de Procurados e Impedidos – em todos os postos de fronteira. Ele identifica o número do passaporte e o nome da pessoa e revela a situação legal. Nos aeroportos é bem simples, mas em fronteiras terrestres, em que não há pontes, sabemos que eles podem entrar. Não fecharemos a fronteira 100%. Porém, haverá barreiras da PF, Policia Militar, Polícia Rodoviária Federal e policiamento ostensivo nas ruas. Em caso de identificação, é deportação sumária.
– Além dos argentinos, quais outros torcedores preocupam?
– Com relação aos hooligans é diferente. Na Europa há cadastros nacionais e quem está na lista nem pode deixar o país. A chance de conseguir é bastante pequena. Alguns países têm o controle menos rígido, e o que podemos fazer é vigiar a conduta dos estrangeiros desses países e analisar cada caso.
Veja fotos dos barrabravas argentinos na galeria abaixo
No Infográfico, confira como se sustentam os barrabravas:
Quem são os barrabravas
Em cinco das últimas sete Copas do Mundo eles arrumaram confusão e espalharam medo. Brigaram entre si, com torcedores de outros países, foram deportados e mataram um homem na África do Sul. Voltaram para casa com máscaras e dedos em riste. Organizados nos moldes da máfia, eles subornam policiais, pressionam dirigentes, vendem drogas nas arquibancadas e imediações dos estádios, administram estacionamentos, repassam ingressos, cobram comissões por passes de jogadores e militam em partidos.
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Os barrabravas argentinos, conhecidos mundialmente pelos trapos e cantorias intermináveis nas canchas da América Latina, se especializaram em atos ilícitos e estão entranhados no futebol e na política da Argentina bem além do espetáculo. Em Porto Alegre, eles estarão no dia 25 para o jogo contra a Nigéria no Beira-Rio, o último da primeira fase.
Nas últimas décadas, os barrabravas foram responsáveis por grande parte das agressões em partidas de futebol na Argentina. Desde os anos 1920, conforme a ONG Salvemos al Fútbol (SAF), já causaram mais de 270 mortes.