Um vaivém constante de carros, caminhões, motos, bicicletas e pedestres faz parte da rotina de uma das vias mais movimentadas da zona Sul de Joinville, a Boehmerwald, quarta rua a participar do Teste AN nas Ruas. São quase seis quilômetros de extensão que percorrem os bairros Boehmerwald, Parque Guarani e Paranaguamirim. A rua serve de acesso ao Presídio Regional e a escolas como a Professor Orestes Guimarães e a Governador Luiz Henrique da Silveira.
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O diagnóstico feito na última segunda-feira começou na rótula que liga as ruas João Filete de Oliveira e Waldemiro José Borges à Boehmerwald. Nos primeiros 3,5 quilômetros, a via apresenta boa sinalização horizontal e de placas, ciclofaixas, radares e lombadas.Os principais problemas começam após esse trajeto, nos cerca de dois quilômetros restantes, até a rua 6 de Janeiro.
Quem não conhece a região pode supor que a Boehmerwald termina na curva de acesso à avenida Firmino da Silva, sendo retomada 800 metros à frente, na rua Eva Benta Poleza. O ¿desvio¿ é asfaltado, mas caso o motorista prefira seguir até a 6 de Janeiro utilizando a via principal, terá de passar por um trecho de quase um quilômetro de estrada de chão.
Para os moradores dessa área, o trecho foi esquecido quando as obras de asfaltamento terminaram. Desde então, o trecho continua abandonado pelo poder público. Morador da localidade desde que nasceu, o aposentado Orlando Fernandes Dias, 64 anos, fez até um abaixo-assinado pedindo para que a área fosse asfaltada. Praticante de caminhadas, ele encontra muitas dificuldades nos dias chuvosos por causa do barro que se forma na via.
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– Vem prefeito, sai prefeito, dizem que vão asfaltar e a situação não se resolve. Agora, deram uma arrumada, mas até a semana passada estava feio – conta.
Vizinha de Orlando, Ivani Guariniri mora há 20 anos na rua e confirma a passagem das máquinas pelo trecho. Segundo ela, ações desse tipo são raras.
– Os vizinhos até falaram que agora está para sair a tubulação e que irão asfaltar, mas a previsão não é para este ano – comenta.
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Outro problema é o do mau cheiro e do aspecto de abandono em parte das encostas da rua, que servem de depósito de lixo e entulhos. A Prefeitura informou que não há previsão de pavimentação no trecho. Com relação ao lixo, a orientação é denunciar o fato na Ouvidoria, pelo número 156.
Ciclofaixas mal planejadas e linhas de ônibus escassas
Os ciclistas que trafegam nos últimos dois quilômetros da Boehmerwald enfrentam uma realidade muito diferente da do trecho inicial, que termina na curva da avenida Firmino da Silva e contém ciclofaixas bem sinalizadas. Na área não pavimentada, entre as ruas Eva Benta Poleza e 6 de Janeiro, não há espaço cicloviário.
A situação eleva o risco de acidentes porque ciclistas e pedestres dividem espaço com os veículos. De acordo com o Corpo de Bombeiros Voluntários, das 23 ocorrências atendidas até o dia 10 na Boehmerwald, três envolveram ciclistas, e uma, pedestre.A situação verificada nas proximidades do Presídio Regional é agravada com a falta de estacionamento, sinalização, controladores de velocidade e até linhas de ônibus.
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Segundo a Prefeitura, a ampliação da ciclovia na rua depende de avaliação técnica, mas não há previsão de quando isso ocorrerá. Andrei Teixeira, 26, que faz corridas na região quase todos os dias, sente a falta de calçadas regulares na rua.
– Na parte final, não há faixas de pedestres ou lombadas físicas. Seria necessário colocar pelo menos uma porque há bastante reclamação, principalmente dos moradores que têm criança pequena – relata.
Conforme a Prefeitura, não está prevista a instalação de novos equipamentos na rua. Quanto ao reforço da sinalização viária, o Departamento de Trânsito (Detrans) realiza um levantamento das ruas que necessitam de ajustes. Para isso, está em andamento a licitação – edital 009/2017 – para a escolha da empresa que vai executar as obras.
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Para quem usa bicicleta e trafega pelo trecho sem ciclofaixa, o incômodo é maior. Sem estacionamento, carros e até caminhões transformam parte das pistas em acostamento. Isso somado ao trânsito intenso faz com que os ciclistas precisem redobrar a atenção. A Prefeitura não prevê implantar estacionamento regular no local.
A dona de casa Cátia Regina Uhlmann, que usa a bicicleta para buscar um dos dois filhos na escola, reclama da insegurança provocada pela falta de sinalização e acostamento irregular.
– Cansei de ver gente fazendo racha e, na curva da descida do presídio, já presenciei vários acidentes. Não tem sinalização e ninguém respeita – destaca.
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O reciclador Márcio Moreira destaca que os poucos horários e linhas de transporte coletivo disponíveis no local fazem as pessoas usarem mais as bicicletas. Valdir Frainer, 53, também reclama da situação. Ele faz três quilômetros diários de bicicleta.
– Aqui, o problema é que tem poucas linhas de ônibus e falta segurança – enfatiza.Sobre as linhas de ônibus, a Prefeitura orienta fazer a reclamação na Ouvidoria.
Chuvas causam transtornos
A rua Boehmerwald não passa despercebida no que se refere ao desgaste asfáltico provocado pela incidência de chuvas. Os danos são visíveis, com a presença de buracos, formação de poças d¿água e desníveis nas pistas. A região foi alvo de alagamentos, em especial no ¿coração¿ da rua, onde está concentrado o comércio (próximo à avenida Paulo Schroeder).
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Comerciante há 25 anos na rua, Yeda Eccel costuma registrar, em fotos e vídeos, os estragos provocados pela água quando o rio que corta o bairro transborda. Ela diz que, para evitar que a água volte a entrar no estabelecimento, ergueu um elevado de 20 centímetros na entrada do local. A solução é paliativa.
– Várias vezes, quando chove forte, os carros passam rápido e acabam jogando água para dentro da loja. Já chamamos a Defesa Civil, no ano passado, mas como eles não vinham, os próprios comerciantes fechavam a rua para não serem prejudicados. É preciso que nos ajudem porque essa situação é complicada – defende.
O último alagamento foi registrado no dia 30 de janeiro deste ano, mas o desgaste asfáltico continua em alguns pontos. Um deles, na descida da rua Louis Rodolfo Schoene, onde a pintura da ciclofaixa se apagou e a lama e uma poça d¿água se formaram em meia pista depois da chuva do fim de semana.
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Localizada nas proximidades da Escola Municipal Professor Orestes Guimarães, a avaria faz com que pedestres e ciclistas precisem entrar na pista para desviar do barro. Dezenas de estudantes repetiram a cena por volta das 11h45 do dia da reportagem, horário de saída da escola. Os carros, também para desviar, chegam a invadir a pista contrária para seguir caminho (sentido Centro).
Segundo a vendedora Michele Vieira, os acidentes na região são frequentes.A situação do entroncamento entre as ruas Boehmerwald e Louis Rodolfo Schoene foi levada pelo Executivo ao conhecimento da unidade de pavimentação (UNP), pertencente à Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra).
De acordo com a Prefeitura, foi feita solicitação ao órgão para que este trecho receba manutenção e remendo asfáltico. Já em relação ao combate às enchentes na região, a Prefeitura assinou um contrato de financiamento com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no valor de US$ 70 milhões, no qual estão previstos investimentos em obras de macrodrenagem. Entre elas, na microbacia do rio Itaum-açu, que passa pela região.
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