Um velório cercado de tensão, com policiais civis e militares entre os familiares, e um enterro sem a presença da mãe. Assim foi o sepultamento do corpo da menina Laura Cardoso, de três anos, na manhã desta terça-feira, em Araquari, no Norte de SC. Cerca de cem pessoas participaram da cerimônia na capela ao lado do Cemitério Municipal e aplaudiram quando o caixão foi colocado na gaveta número um da ala vertical do Cemitério.

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O pai da garota, Jonatan Robson Flores, que viajou de Navegantes, onde mora, para enterrar a filha, era o mais revoltado.

– Foi uma brutalidade monstruosa o que fizeram com ela. Um anjinho não tem como se defender. Quem vai trazer minha filha de volta? – dizia.

A mãe, Rosimeire Cardoso, esteve no velório somente durante a madrugada e foi hostilizada. Quando ela saiu, cercada por policiais militares, todos aplaudiram, numa forma de manifestar a revolta. Ela deve ser ouvida pelo Rodrigo Aquino Gomes, da Polícia Civil de Araquari, ainda nesta terça-feira. Não há, até o momento, qualquer acusação contra ela.

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O companheiro dela está preso na Unidade Prisional Avançada de São Francisco do Sul. Ele contou duas versões diferentes para explicar porque a menina estava deitada na cama, inconsciente, sem roupas e com manchas pelo corpo. Laura morreu no domingo, no Hospital Infantil, em Joinville, com suspeita de espancamento.

O clima estava tão tenso no velório, que o pastor Lucas Carvalho teve dificuldade em acalmar os ânimos. Ele fez questão de ficar durante boa parte da noite e toda a manhã junto dos familiares.

– É um momento de muita revolta. O que é até natural do ser humano. Mas o que nos conforta é que a Laura está nos braços de Jesus – disse o pastor, em lágrimas.

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A avó paterna, Bibiane Flores, estava inconsolável. Ela passou a maior parte do tempo ao lado do caixão ou amparada por familiares. Além dos familiares, representantes da comunidade de Araquari também participaram do funeral.

A Polícia Civil já pediu o prontuário do atendimento da menina para o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria. O documento é uma das peças fundamentais do inquérito, junto com o laudo do Instituto Médico Legal, e os depoimentos da mãe e de conselheiros tutelares.

A Polícia Civil espera que os conselheiros tutelares expliquem melhor como foi o atendimento feito à família logo depois que menina foi internada, há algumas semanas, por que teria caído de uma escada na casa onde moravam a mãe e o padrasto.

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O conselho tutelar de Araquari informou na segunda-feira que não recebeu nenhuma denúncia formal de maus tratos envolvendo Laura. No entanto, o órgão afirma que já havia entrado em contato com a família há cerca de três meses, quando a menina fraturou o fêmur.

O delegado Rodrigo Aquino Gomes, responsável pela investigação, afirma que não encontrou registros de boletins de ocorrência de maus tratos envolvendo os familiares. Ele está em busca de testemunhas, como vizinhos e parentes, que possam dar mais informações.